Miguel Pina Martins, CEO e fundador da Science4You (ver bio aqui), startup de brinquedos científicos, chega mesmo a dizer que “quando as empresas estão a nascer, não se pode encarar o projeto como um emprego tradicional. É normal que haja mais amor à camisola e que as pessoas dediquem mais do seu tempo. Mas isso não significa que haja atropelos à lei, que acredito que não existam. Pode é haver diferenças de mentalidade e também problemas pontuais, que acontecem em todo o lado, independentemente do setor e da dimensão.”
O problema é que as “diferenças de mentalidade” de que a Science4You fala são enormes atropelos às vidas dos seus trabalhadores e à lei laboral.
Já em 2015 os Precários fizeram eco de um apelo público de uma ex-trabalhadora da Science4You que denunciou que os funcionários não tinham direito a folgas ou a pausas para almoço, exigindo turnos de 15 horas, com horários discricionários, tudo por uma comissão de 4% (ver aqui).
Mas não é difícil encontrar na internet outros exemplos da má conduta laboral da empresa. No site indeed, onde as pessoas avaliam empresas, vários trabalhadores da Science4You denunciam que “o ambiente com as gestoras de loja era tenso” e que apesar do “salário fixo” as pessoas recebem a “recibos verdes”, não havendo “estabilidade” ou “pausas, férias ou contratos” (ver aqui).
Há de facto, uma “diferença de mentalidade” entre Miguel Pina Martins e nós: os Precários consideram que a situação descrita por vários ex-trabalhadores é ilegal e representa exploração laboral. Já Miguel Pina Martins acha que é com o “amor à camisola” dos seus trabalhadores que faz os seus lucros.