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Diário Liberdade
Quinta, 02 Agosto 2018 19:25 Última modificação em Quinta, 16 Agosto 2018 22:34

Por que a patronal adora trabalhadores obedientes e alienados? Destaque

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/ Laboral/Economia / Fonte: Esquerda Diário

[Gilson Dantas] No célebre O capital, Marx explica, pormenorizadamente, como se dá o mecanismo através do qual toda a riqueza realmente existente, todo o capital acumulado pelos donos de fábricas, bancos e empresas é levantado a partir do chão de fábrica. Como toda a riqueza do capitalista é construída a partir das horas de trabalho gratuito extraídas [roubadas, dirá alguém] no chão de fábrica, do operário.

O trabalhador recebe apenas por três ou quatro das horas trabalhadas e o patrão acumula riqueza com as demais cinco ou quatro horas de trabalho gratuito que o operário deixa para o patrão. Horas de trabalho sob a forma de mercadorias produzidas pelo operário.

O patrão não cria nada. O operário tudo cria. E se o operário não gerasse aquele excedente de riqueza para o patrão, jamais seria contratado.

Em duas palavras esse poderia muito bem ser um resumo de O capital, especialmente do livro um, onde Marx se ocupa em elucidar a teoria do valor. E como, no capitalismo, tudo tende a virar mercadoria, começando pela força de trabalho, é o trabalho não pago pelo patrão ao operário o que, no final de contas, gera a acumulação do capital.

O resultado dessa dinâmica é o de que enquanto a patronal acumula capital, o operário fica sempre onde está ou então mais pobre e mais despossuído. Afora o exército de trabalhadores que são mantidos desempregados, e que significam uma grande vantagem para o capitalista.

Quanto ao operário, saqueado, para a patronal é essencial que ele permaneça alienado.

Uma alienação que se expressa em que o operário acredita que está recebendo o “salário justo”, que existe esse tal de “salário justo”, enfim, que ele está recebendo pelas horas de trabalho que ofereceu durante aquele dia de trabalho, todos os dias.

Não é nada disso. Mas a ideologia dominante, dos donos do poder, prega isso todos os dias, por todos os meios, da Igreja à mídia, das universidades à família conservadora, de forma que o operário pense que o mundo é o que é, que tudo que ele pode fazer é votar nos políticos, ir para a Igreja e confiar que ele, trabalhador, pode controlar alguma coisa.

O sistema necessita de que ele seja obediente, respeite a ordem patronal e toda autoridade. Desta “ordem” é que vem o “progresso”.

Enquanto o operário aceitar isso e assim pensar e agir, o sistema se manterá de pé.
À medida em que o proletariado se organize, levante direções políticas combativas, anti-burocráticas e anticapitalistas, aí sim, tudo pode mudar, aí sim o sistema estará ameaçado.

Por quê?

Porque a consciência revolucionária da classe trabalhadora é a força que pode mover o mundo e reduzir a pó o velho mundo, levantando um novo onde os que produzem passem a controlar a produção, sejam donos da própria vida.

Ou, como conclui Marx em O capital: os expropriadores sejam expropriados.

Sem partilhar do pessimismo de George Carlin [1937-2008], célebre e cáustico humorista e crítico social norte-americano falecido há dez anos atrás, podemos, no entanto, desfrutar do seu vídeo, abaixo, onde ele, contundentemente, coloca algumas dessas questões.

Em que pese sua condição de anarquista [muito pouco preocupado com coerência política e programaticamente inconsequente], no entanto, o humor de Carlin, nesse vídeo, sacode aquelas estruturas do chamado “sonho americano”, uma ideologia que só pode morrer com o fim do capitalismo. E desnuda, em pouquíssimos minutos [três] um sistema de poder, o capitalismo. Confira.

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