“É um sério problema de saúde pública. E tem grande tem impacto, não só na saúde das pessoas como em todo o sistema de saúde no país”, alerta Helena Canhão, coordenadora do projeto de investigação Saúde.Come, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, realizado em 2015 e 2016.
“Os indivíduos em insegurança alimentar reportaram uma pior qualidade de vida e capacidade funcional. Revelam ainda maior propensão para doenças crónicas, como a diabetes, a depressão e as doenças reumáticas”, acrescenta a investigadora num comunicado citado pelo Público, lembrando que o risco de diabetes e de doenças reumáticas foi cerca de 1,6 vezes superior nos indivíduos nesta situação.
Os dadosi revelam que, entre 2015 e 2016, 19,3% da população portuguesa estava em situação de insegurança alimentar, ou seja, o seu acesso a uma alimentação saudável era limitado. Perto de 2% receava, inclusive, não ter acesso a comida devido a dificuldades económicas.
“Motivo de alarme é o facto de cerca de 140 mil pessoas, 1,8 % das famílias portuguesas, reportarem que as suas dificuldades económicas comprometeram a quantidade e a qualidade dos alimentos que têm disponíveis para consumo”, destaca Helena Canhão.
A situação é ainda mais preocupante nos Açores e na Madeira. Nas regiões autónomas, a percentagem de famílias em situação de insegurança alimentar ascende a cerca de 29%.
Tendo em conta os resultados do Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006, que apontavam que 16,7% da população encontrava-se em situação de insegurança alimentar, os investigadores da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa defendem que o agravamento da situação na última década pode "refletir o impacto da crise económica" nas famílias portuguesas.
iO inquérito nacional sobre insegurança alimentar foi aplicado a 5653 indivíduos com mais de 18 anos, representativos da população adulta portuguesa e que estão a ser seguidos desde 2011.