Em Agosto último, segundo o Jornal de Negócios, o Ministério da Justiça, com Francisca Van Dunem, decidiu pôr fim a esta parceria, supostamente devido à escassez de meios e redefinição de prioridades.
A participação de Portugal no projecto Law Train provocou uma posição conjunta de repúdio, promovida pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) e subscrita por diversas organizações (*). Em comunicado, as organizações subscritoras manifestaram a sua oposição ao «envolvimento de Portugal com entidades que fazem da negação dos valores da liberdade e dos direitos humanos a sua missão» e reclamaram ao Governo português que acabasse «de imediato a sua participação no projecto». Alias, são bem conhecidas e largamente repudiadas as práticas de interrogatório “intercultural” das forças de segurança do Estado de Israel e o tratamento dado aos detidos palestinianos, com recurso à tortura.
Contudo, é lamentável que gente que se diz de esquerda e defensora dos direitos humanos ainda continue, por acção ou omissão, a dar cobertura aos torcionários de Israel!
Valentina Marcelino sempre presente
Notícias e artigos desta área contam muitas vezes com a participação de Valentina Marcelino. Presente na defesa de tudo o que é polícia, serviços de informações, repressão, guerras imperialistas e NATO (lembram-se do que ela escreveu em 2010 sobre a cimeira da NATO em Lisboa, “alvo da Al Qaeda e de anarquistas”?),Valentina titulou agora no DN que este “Governo cede a pressão do PCP e afasta PJ de treino com Israel”.
Ao longo dos últimos anos, no DN, além dos muitos artigos reaccionários e provocatórios, Valentina Marcelino tem aperfeiçoado as suas técnicas jornalísticas e feito formação intensiva na sua área, frequentando, entre outros cursos:
Auditora de Defesa Nacional, Segurança e Defesa para Jornalista – IDN, Segurança das Informações Classificadas – GNS, Workshop de Cibersegurança – NATO, Pós-Graduação em Direito e Cibersegurança, Curso avançado Segurança Interna – PSP.
Para dar maior credibilidade ao seu artigo (e às suas ideias), Valentina escora-se no ex-ministro da Justiça Fernando Negrão, que estranha a “intromissão indevida” do ministério na formação dos inspectores. E, além disso, recorre às habituais fontes anónimas dizendo que “tanto na PJ, como em outras forças e serviços de segurança, a notícia, divulgada pelo Jornal de Negócios, trouxe elevada preocupação, uma vez que Israel tem sido ao longo dos anos parceiro de formação a vários níveis das nossas polícias e até das secretas, bem como fornecedor de quase toda a tecnologia de vigilâncias e intercepções telefónicas utilizada pela PJ”.
Como a maioria dos seus congéneres “analistas” económicos e políticos de direita que por aí pululam, e para melhor dar voz aos interesses de classe que defende, Valentina tem, muitas vezes, de torcer os factos, ouvir opositores às suas ideias (às vezes pouco credíveis), e, logicamente, de citar alguns “sábios”. Mas quem conhecer o percurso jornalístico da assalariada Valentina Marcelino dificilmente pode ser levado ao engano.
(*) Organizações subscritoras: Associação 25 de Abril, Associação Abril, Associação Água Pública, Associação Conquistas da Revolução, Associação dos Amigos do Teatro da Liberdade da Palestina (Portugal), Associação Portuguesa dos Juristas Democratas, Colectivo Mumia Abu Jamal, Comité de Solidariedade com a Palestina – BDS Portugal, Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional, Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos – MURPI, Confederação Portuguesa dos Quadros Técnicos e Científicos, Conselho Português para a Paz e Cooperação, Frente Anti-Racista, Grupo Acção Palestina, Movimento Democrático de Mulheres, Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – MPPM, SOS Racismo, União de Mulheres Alternativa e Resposta, União de Resistentes Antifascistas Portugueses