Entrevistado pela Lusa, o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, justificou a decisão afirmando que as “condições estratégicas e operacionais que ditaram o envio da força portuguesa se alteraram, nomeadamente as condições de segurança e estabilidade no território, hoje francamente mais favoráveis ao normal desenvolvimento do Kosovo”.
Actualmente, estão 189 militares portugueses no Kosovo, mas o contingente já chegou a exceder os 300, como aconteceu de 1999 a 2001, ano em que parte dos militares regressou a Portugal.
Relembramos aqui que a participação militar portuguesa no Kosovo veio na sequência da agressão militar da NATO na ex-Jugoslávia, aproveitando e fomentando os ódios e as lutas étnicas neste país. Aqui, também, os dirigentes da NATO utilizaram os habituais pretextos “humanitários” para a agressão e os dirigentes políticos burgueses (incluindo do PS), assim como a generalidade dos média portugueses, acabaram por dar cobertura e justificar a participação portuguesa neste acto de agressão.
Conhecida recentemente a próxima saída do contingente militar português deste território, logo o deputado do PSD Bruno Vitorino se manifestou contra a decisão do Governo de pôr fim a esta missão militar, questionando o ministro da Defesa sobre se existe algum pacto secreto entre o PS, o PCP e o BE quanto à NATO, que esteja a condicionar a acção governativa. E a posição manifestada pelo deputado Bruno Vitorino foi secundada pelo seu colega de bancada Costa Neves, que afirmou esperar do Governo “consistência na defesa dos compromissos” assumidos com a Aliança Atlântica.
Azeredo Lopes frisou então que “é certo” que o Governo pretende manter “idêntico empenhamento português no âmbito da Aliança Atlântica” em 2017, embora sem adiantar quais os teatros de operações em perspectiva. Se houve algum recuo do governo neste campo, logo o ministro reiterou que a retirada do Kosovo — que teve parecer favorável do Conselho Superior de Defesa Nacional — implica que seja encontrada uma “solução supletiva que compense”, numa outra missão da NATO.
Também, sobre esta questão, o deputado do CDS-PP João Rebelo registou como “positiva a resposta” do ministro sobre a posição de Portugal na NATO e “claramente em divergência das posições do PCP e do BE”. O que preocupa aqui o CDS é sobretudo a “insuficiência” (mais de 2100 milhões previstos) das verbas do OE 2017 para Defesa Nacional.
Uma coisa é certa: os partidos do anteriormente chamado arco da governação (PSD, CDS e PS), pelas declarações destes e de outros responsáveis seus, continuam fortemente agarrados e dependentes do bloco agressivo e imperialista da NATO. Nunca será demais alertar contra os crimes que este bloco militar pode ainda cometer (depois da Jugoslávia, Iraque, Síria, Líbia, etc.) em nosso nome. A saída de Portugal da NATO deve afirmar-se como uma forte palavra de ordem de quem é a favor da paz e da solidariedade entre os povos.