Percebe-se, neste linguajar de burocrata, que Carlos Silva, enquanto militante político, é um convicto defensor das medidas de austeridade e acha que um governo de direita é o que melhor cumpre tal função — daí o respeitinho pelos “compromissos”. Mas, enquanto dirigente sindical, tem de fazer a rábula de quem defende um bocadinho os trabalhadores — e então vem-lhe à boca a “sensibilidade social”.
Coerentemente, na sua discursata do Dia do Trabalhador (a partir de Viseu!), reiterou ao poder, em nome da UGT, “espírito de compromisso, disponibilidade para o diálogo, tolerância e moderação”.
Os patrões registaram, com certeza, esta confirmação de fidelidade ao capital por parte de Carlos Silva. O problema é que a UGT convence cada vez menos trabalhadores das vantagens da austeridade e da submissão aos patrões.
E a avaliar pela presença de dirigentes do PS na manifestação da CGTP (em Lisboa!) e pela troca de cumprimentos cordiais com Arménio Carlos, parece que o PS de António Costa se prepara para outras apostas sindicais.