Eleito em junho de 2016 com 183 dos 193 votos da Assembleia Geral, o país terá direito a dois anos de mandato, substituindo a Venezuela como um dos dois representantes, junto com o Uruguai, da América Latina e Caribe no órgão das Nações Unidas.
Esta é a terceira vez que o país sul-americano participa do Conselho de Segurança. A primeira vez foi no biênio 1964-1965 e depois em 1978-1979.
O presidente boliviano, Evo Morales, deixou claro que o objetivo de seu país é utilizar seu posto de importância internacional para denunciar as manobras imperialistas e favorecer a soberania dos povos.
“A partir do Conselho de Segurança, a Bolívia será a voz dos povos do mundo e lutará para construir um planeta sem invasores nem invadidos”, declarou Morales, por meio de sua conta no Twitter.
Desde el Consejo de Seguridad, #Bolivia será la voz de los pueblos del mundo y luchará por construir un planeta sin invasores ni invadidos. pic.twitter.com/Gby0B4jy5A
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) January 1, 2017
Ele também comentou que o ano que se inicia trará muitos desafios e que o mundo presencia o fim da "globalização neoliberal, do 'livre mercado', que terá consequências geopolíticas e sistemáticas".
"O mundo está mudando, devemos nos preparar para que prime a dignidade humana e não o lucro sem limites", alertou. "Devemos trabalhar unidos, para materializar o direito dos povos ao desenvolvimento; lutar contra o capitalismo que tenta mercantilizar tudo", completou.
Por sua vez, Sacha Llorenti, representante boliviano na ONU, revelou as prioridades do mandato do país andino.
“Alguns dos temas prioritários para a Bolívia são os temas da região, a paz na Colômbia e no Haiti e outros temas globais como o do Saara Ocidental e a situação da Palestina”, afirmou, segundo a Agência Boliviana de Informação.
A Bolívia foi parabenizada por diplomatas latino-americanos por sua entrada no Conselho de Segurança.
A ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, declarou pelas redes sociais sua felicidade pela nação irmã substituir seu país como membro rotativo no órgão da ONU. "A Venezuela celebra o ingresso da Bolívia no Conselho de Segurança. Cumprimos com a defesa dos princípios e propósitos da ONU, assim como com a soberania dos povos."
“Felicitamos a Bolívia, que a partir de hoje é membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU, um posto que não ocupava desde 1979”, publicou em sua conta no Twitter a União das Nações Sul-americanas (UNASUL).
O secretário-geral dessa entidade, Ernesto Samper, também utilizou sua conta para felicitar o país sul-americano: “Bem-vinda a presença da Bolívia ao Conselho de Segurança da ONU, que se soma às positivas surpresas do Governo de Evo Morales.”
Samper se refere, entre essas “positivas surpresas”, provavelmente ao crescimento econômico da Bolívia, o maior da América do Sul nos últimos três anos.
Segundo a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), a projeção do crescimento econômico boliviano é de 4,5% em 2016. Para 2017, o órgão também prevê que a Bolívia continuará na liderança do desenvolvimento econômico sul-americano, com 4,3%.
A nacionalização dos hidrocarbonetos, a recuperação das empresas estratégicas pelo Estado, a redistribuição da riqueza e o aumento dos investimentos são os principais fatores que contribuem para o crescimento econômico da Bolívia, segundo a agência Prensa Latina.
Antes de tais medidas serem aplicadas pelo governo boliviano, a partir de 2006, a Bolívia era considerada um dos países mais pobres e atrasados da América Latina.
Nos últimos dez anos, o PIB (Produto Interno Bruto) desse país passou de 9 bilhões para 34 bilhões de dólares.