O parlamento em El Salvador aprovou a 29 de março uma lei que proíbe a exploração de metais, ouvindo os movimentos sociais que trabalham desde 2005 sob o lema "Água é vida", contra uma campanha de pressão económica e comunicacional intensa por parte das multinacionais a operar em El Salvador.
Várias multinacionais instalaram-se no país em 2000, no momento em que o preço do ouro e outros minerais subiu exponencialmente devido ao crescimento da economia chinesa. No entanto, o cianeto utilizado para separar o ouro da rocha provocou devastação ambiental acelerada, o que levou vários grupos de agricultores a criar uma associação contra a exploração de metais em 2005, com uma campanha sobre o Rio Lempa, a fonte de água potável para mais de metade da população. Dois anos depois, dois terços da população eram contra a exploração mineira.
De acordo com as Nações Unidas, El Salvador é o segundo país com maior deterioração ambiental do hemisfério ocidental, bem como o mais desflorestado da américa latina, com apenas 1% da zona florestal original intacta. Mais de 90 por cento da água está contaminada, o que significa que tem o nível mais baixo de água potável per capita da américa central.
Estes números ajudam a explicar a opinião maioritária de 80% população contra a exploração mineira, com 77% a exigirem medidas por parte do governo.
O processo legislativo teve início em 2015, com um longo período de consulta pública que resultou na aprovação da Assembleia Legislativa a 29 de março deste ano.
A principal corporação mineira a operar no país, de nome OceanaGold, tem adotado medidas particularmente agressivas contra a população que se manifestava contra a sua operação mineira. Em outubro de 2016, o tribunal do Banco Mundial negou um processo da multinacional contra o governo de El Salvador, por alegada violação do seu direito de exploração, sendo condenada a pagar 8 milhões de dólares a favor do país. O que não só nunca chegou a acontecer como continuaram as operações mineiras com uma nova campanha de propaganda na comunicação social.
A atitude da OceanaGold provocou ainda mais contestação, com mais de 280 grupos e associações a mobilizar petições contra a multinacional.
Assim, El Salvador é o primeiro país a adotar uma proibição total de exploração mineira por razões ambientais.