«Trata-se de motivar a mudança nas consciências e atitudes daquelas pessoas que excluem, rejeitam e isolam os que possuem uma orientação sexual ou identidade de gênero não heteronormativa», assinalou durante a entrevista coletiva a diretora do Centro Nacional de Educação (Cenesex), drª Mariela Castro Espín.
Sob o lema ‘Escolas sem homofobia nem transfobia’. Incluo-me, esta nova jornada propõe, de acordo com a especialista, tratar de temas que nas pesquisas das ciências sociais, jurídicas e médicas realizadas em Cuba, aparecem com uma realidade que subsiste nos centros educativos do país. «Não travamos esta batalha porque seja um problema de maior, mas sim porque é um problema, e por isso é preciso compreendê-lo. O maior escolho é que não há suficiente consciência de que estes casos existem, nem conhecimentos para identificar o momento no qual se expressa este fenômeno e suas diferentes manifestações, desde as mais explícitas até as mais sutis. Hoje, é um desafio para as instituições cubanas aprofundar neste tipo de estudos».
É por isso, disse Castro Espín, que com o apoio do Ministério da Educação (Mined) e as diferentes organizações da sociedade civil, desenvolvemos um conjunto de estratégias encaminhadas à educação de nossa população, no sentido da responsabilidade que tem a comunidade e também a escola.
Em relação à escola, a diretora do Cenesex disse: «Deve ser um dos lugares de maior segurança, porque nele nossos filhos ficam a maioria do tempo. Por isso, deve ser um espaço onde todas as pessoas se sintam acolhidas, respeitadas, amadas e bem tratadas; e onde aprendam a respeitar, amar, conviver com pessoas com características diferentes das próprias».
Nesse sentido, a 10ª Jornada cubana contra a Homofobia e a Transfobia também procura que se compreenda que «o trabalho educativo faz parte da educação pela não violência, no convívio respeitoso, no sentido solidário, nesse interesse por compreender que acontece a uma pessoa e como se pode ajudar, caso ela precisar».
A doutora Castro Espín assinalou, que no ano 2017 e 2018 a campanha terá como centro os espaços escolares, e estará focalizada, também, nas carreiras pedagógicas e nas escolas formadoras de professores, levando em conta que dentro do Programa Nacional de Educação e Saúde Sexual, um dos desafios identificados é, justamente, aperfeiçoar o trabalho nestes cenários.
«Igualmente, a jornada dispõe de um amplo e variado programa, realizando tanto na capital quanto em Villa Clara, a província sede, várias atividades acadêmicas e culturais», explicou o vice-diretor do Cenesex, Manuel Vázquez.
«As atividades, disse, incluem a realização de palestras e workshops, para tratar acerca de temáticas relacionadas, entre outros aspetos, com o ativismo, a saúde e os direitos sexuais nos espaços escolares; bem como exposições fotográficas de artistas cubanos e estrangeiros, o lançamento de um selo comemorativo pela 10ª Jornada, o festival de cinema pela diversidade e a tradicional gala e a conga cubana contra a homofobia e a transfobia, entre outras atividades».
O funcionário do Mined, Alcides Alejandro Roca Zayas, destacou que hoje, é uma prioridade impulsionar e promover, nas mais de 10 mil instituições educativas do país, ações encaminhadas a fortalecer uma sexualidade saudável, responsável e feliz, em prol da eliminação de toda forma de violência dentro do âmbito escolar.
Por seu lado a atriz e cantora transgênero chilena, Daniela Veja, expressou que «é alentador o que acontece em Cuba; que a partir de sua ordem institucional, tenhamos este forte apoio, esta capacidade de compreender a diversidade humana, como algo válido e positivo. Faço o convite para continuar trabalhando pela equidade de gênero, para continuar olhando-nos aos olhos com honestidade e carinho, porque é a forma que temos como seres humanos de ser mais felizes. Rebeldia, dignidade e liberdade: essas três coisas definem o ser humano».
A 10ª Jornada cubana contra a Homofobia e a Transfobia defende o fortalecimento de valores baseados nos princípios de igualdade e não discriminação em nossa sociedade; e nesse sentido está orientada para toda a população cubana, e não exclusivamente a comunidade LGBT.