Numa declaração proferida ontem à noite, Ernesto Villegas, ministro venezuelano da Comunicação e Informação, revelou detalhes sobre os ataques contra o Ministério do Interior, Justiça e Paz, e, depois, contra o Supremo Tribunal de Justiça, ocorridos na terça-feira à tarde, e pediu ao povo venezuelano que «esteja alerta face à escalada golpista», que visa subverter a ordem constitucional no país.
Com o objectivo de capturar o autor destas acções e recuperar a aeronave utilizada, as Forças Armadas e os corpos de segurança do Estado estão mobilizados, disse ainda Villegas, que instou os partidos coligados na chamada Mesa da Unidade Democrática (MUD), a hierarquia eclesiástica e demais instâncias da sociedade venezuelana a condenar de forma decidida os factos ocorridos, bem como a desligar-se, de uma vez por todas, da violência.
O ministro deixou também claro que «nenhum destes ataques vai deter a activação do processo popular constituinte, nem impedirá o exercício do direito ao voto, por parte do povo venezuelano, no próximo dia 30 de Julho, para eleger os membros da Assembleia Nacional Constituinte».
Ataque armado às instituições
Na declaração lida por Villegas, destaca-se que os ataques armados perpetrados, esta terça-feira à tarde, contra as sedes do Ministério do Interior, Justiça e Paz, e do Supremo Tribunal de Justiça fazem «parte de uma escalada golpista contra a Constituição da República Bolivariana da Venezuela e as suas instituições».
Ambos foram efectuados a partir de um helicóptero, «roubado na base aérea Generalíssimo Francisco de Miranda, em La Carlota, Caracas, por um indivíduo de nome Óscar Alberto Pérez, que se valeu da sua condição de inspector adscrito à divisão de transporte aéreo da polícia científica (CICPC, na sigla em castelhano)».
O «conjurado» voou até às imediações do Ministério do Interior e efectuou cerca de 15 disparos contra o edifício, precisou Villegas, num momento em que, no terraço, decorria uma recepção a um grupo de jornalistas, no contexto do Dia Nacional do Jornalista. Estariam umas 80 pessoas no local quando ocorreu o ataque, disse o ministro.
O helicóptero dirigiu-se em seguida até à sede do Supremo Tribunal de Justiça, quando ali decorria «uma sessão da Sala Constitucional do Máximo Tribunal, com todos os seus magistrados», sendo que, nos seus gabinetes, ainda estavam a trabalhar alguns funcionários.
«Contra estas pessoas, foram efectuados disparos e lançadas pelo menos quatro granadas, de origem colombiana e fabrico israelita, uma das quais não explodiu e foi recolhida. Duas das granadas foram lançadas contra os agentes da Guarda Nacional Bolivariana que guardavam o edifício. Graças à rápida reacção dos guardas pôde evitar-se uma tragédia», diz o comunicado lido por Villegas.
Neste momento, o «autor material destes factos está a ser investigado pelas suas ligações à Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos e à Embaixada desse país em Caracas», acrescenta o documento, indicando que também é alvo de investigação «a sua ligação a um ex-ministro do Interior, que recentemente confirmou, publicamente, os seus contactos com a CIA».