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Diário Liberdade
Quarta, 19 Julho 2017 13:25 Última modificação em Sexta, 21 Julho 2017 23:48

A coragem democrática do povo venezuelano

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País: Venezuela / Resenhas / Fonte: Diário Liberdade

[Anisio Pires*] No domingo 16 de julho aconteceu na Venezuela um fato histórico. Depois de mais de um ano de guerra econômica (inflação disparada e falta de produtos básicos) e de mais de três meses de ataques terroristas em várias cidades do país, o povo venezuelano participou de forma massiva de um ensaio eleitoral de caráter técnico que não era obrigatório! E no qual a rigor não estava se decidindo nada do ponto de vista concreto. 

Entendamos a questão. A Venezuela possui um dos sistemas eleitorais (voto eletrônico) mais seguros e confiáveis do mundo, que tem sido amplamente certificado por várias instituições internacionais como a Fundação Carter do ex presidente dos EUA, James Carter.  

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) é na Venezuela um dos poderes do Estado, e é o responsável pela organização de todos os eventos de caráter eleitoral que acontecem no país, incluídas as eleições internas dos partidos políticos.

Desde que foi estabelecido pela Constituição de 1999, o CNE realiza ensaios de prova prévios aos processos eleitorais como forma de familiarizar a população com os detalhes técnicos específicos de cada eleição, mas sobretudo para testar que o sistema funcione corretamente.

Dado que no dia 30 de julho acontecerá a eleição dos candidatos para a Assembleia Nacional Constituinte convocada pelo Presidente Nicolás Maduro, o CNE procedeu de igual forma organizando esse ensaio-teste que já estava previsto. O que não estava previsto era o tipo de participação que teria a população não só pelas dificuldades acima mencionadas, mas sobretudo porque a oposição venezuelana com suas ações violentas e terroristas vinha fazendo campanha contrária dentro de seu objetivo de tentar deslegitimar o governo para promover sua derrubada por meio de ações golpistas. A oposição se deu mal. A população acudiu em massa para participar desse teste, que repetimos, acontecia num domingo, não decidia nada e não era obrigatório. Em vários lugares do país as pessoas permaneceram nas filas até depois das 10 da noite! Segundo o próprio CNE, este ensaio-teste superou amplamente em participação a todos os que tinham sido realizados antes. Uma prova admirável do espírito democrático do povo venezuelano e de seu desejo de viver em Paz.

Cada uma das pessoas que participou e destacadamente essas que ficaram até altas horas da noite num simples teste, disseram para a Venezuela e para o mundo que não aceitam mais a violência que vendo sendo promovida pela direita no país. Em poucas palavras: o povo apoia a convocatória da Constituinte feita pelo Presidente Maduro e é de se esperar uma nova surpresa de participação democrática no dia 30 de julho.

No que diz respeito à oposição, lamentavelmente os tambores de guerra continuam ativados. Tal como tínhamos denunciado em nota anterior, eles organizaram para esse mesmo domingo  uma espécie de consulta ou “plebiscito” completamente irregular e manipulado visando legitimar de forma fraudulenta e golpista o desconhecimento do governo. O tal “plebiscito” tinha três perguntas que eram as seguintes: 1) “Você rechaça e desconhece a realização de uma constituinte proposta por Nicolás Maduro, sem a aprovação prévia do povo da Venezuela? Sim ou Não”. 2) “Você demanda à Força Armada Nacional e a todo funcionário público obedecer e defender a constituição do ano de 1999 e respaldar as decisões da Assembléia Nacional? Sim ou Não?”, 3) “Você aprova que se proceda à renovação dos Poderes Públicos de acordo ao estabelecido na Constituição e na realização de eleições livres e transparentes, bem como a formação de um Governo de União Nacional para restituir a ordem constitucional? Sim ou Não?”

O leitor poderá reparar, sobretudo pela última pergunta, no caráter descaradamente golpista dessa “consulta”. Uma vez concluída essa trapaça golpista dirigentes da direita anunciaram aos meios de comunicação, sem provas, que o tal plebiscito tinha recebido mais de 7 milhões de votos. A mentira durou poucas horas pois logo a seguir começaram a circular pelo YouTube vários vídeos onde aparece o vexame de que uma mesma pessoa consegue provar como ela tinha conseguido votar várias vezes no tal plebiscito sem que houvesse nenhum controle. Imaginem como terá sido a malandragem dos votos supostamente colhidos no exterior. Confira aqui você mesmo dois exemplos:

  1. https://www.youtube.com/watch?feature=youtu.be&v=2-JJOE-yeP8
  2. https://www.youtube.com/watch?v=eFi7DFnrPP4

Quando uma jornalista perguntou como iriam checar a denúncia de que algumas pessoas tinham conseguido votar até 17 vezes, um dos integrantes da comissão apuradora da oposição respondeu que eles fariam a devida auditoria para comprovar esses casos. O que não disse é de que forma misteriosa conseguiriam fazer essa “auditoria”, uma vez que os cadernos assinados pelas pessoas no momento de votar foram imediatamente queimados.

A truculência é do tamanho das verdadeiras intenções pelas quais a direita fez esta montagem. Anunciaram já que a partir de quinta-feira, 20 de julho, começará a “Hora H” com uma suposta greve geral por 24 horas que resultará na nomeação na sexta-feira dos novos juízes que farão parte do Supremo Tribunal de Justiça. Acredite se quiser. É tal o delírio que mesmo quem escreve esta nota se pergunta se é verdade o que escutou quando os dirigentes da direita fizeram esse perturbado anúncio. O que não é perturbação mental é o perigo que isto pode trazer nas próximas horas. Chamamos aos amigos da Paz e da democracia no mundo a estarem de olho nas próximas ações terroristas que a direita vai tentar na Venezuela pois esses golpistas estão totalmente fora de si e dispostos a começar em qualquer momento a retomada das ações violentas visando impedir a realização da Assembleia Nacional Constituinte. “Casualmente” e de forma quase simultânea o governo de Donald Trump anunciou há poucas horas que aplicará fortes sanções econômicas contra a Venezuela caso o governo Bolivariano não desista da realização da Constituinte.

Daqui da Venezuela o governo e seu povo revolucionário já foram bem claros dizendo em alto e bom som que nem aceitaremos ameaças de nenhum tipo contra nossa soberania nem vamos deter o democrático e participativo processo da Constituinte que o povo venezuelano está amplamente respaldando como ficou demonstrado no teste-ensaio deste domingo, 16 de julho. A Venezuela Patriótica anuncia:  

Dia 30 de julho a constituinte vai!!!

*Anisio Pires é sociólogo venezuelano, formado pela UFRGS, e vive em Caracas.

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