A decorrência disso foi a chamada linha de rebelião popular, vigente nos anos 70 e 80, com a construção da Frente Patriótica Manuel Rodriguez (braço armado do PCCh até 1987), a formação de uma frente com o MIR e a esquerda do PS, além de setores católicos e independentes, o esforço em todas as trincheiras por uma alternativa democrático e popular à ditadura pinochetista.
Nos anos 90 e no início do século atual, com a debandada dos socialistas para um acordo com a democracia-cristã, sob a égide da Concertação, o PCCh manteve a estratégia de construir um bloco popular independente, inclusive no plano eleitoral, apresentando candidaturas próprias a presidente.
Mas há alguns anos, possivelmente esgotados do longo período de marginalização institucional, pois o sistema eleitoral binominal herdado da ditadura interditava a vitória de candidatos comunistas ao parlamento, os herdeiros de Recabaren deram um giro em sua política e ingressaram na coalizão centrista de socialistas e democratas-cristãos, denominada Nova Maioria, que elegeu Michelle Bachelet para um segundo mandato como presidente.
Os comunistas puderam, então, eleger uma meia dúzia de deputados, pela aliança a qual se somavam, mas se comprometeram com um governo atolado nos marcos do neoliberalismo, incapaz de enfrentar com firmeza os entulhos da ditadura e amarrado aos interesses do grande capital.
Mesmo que, verdade seja dita, Bachelet tenha tentado ir algo além de políticas compensatórias, com o apoio dos comunistas, incluindo acenos para a convocação de uma Assembleia Constituinte (a Constituição chilena ainda é a da era Pinochet, imposta em 1980!), sua administração é ancorada em uma aliança político-social aprisionada pela lógica do capital financeiro e suas expressões políticas, como a própria DC e setores socialistas alinhados ao ex-presidente Ricardo Lagos, uma espécie de FHC local.
Próximos a novas eleições presidenciais, os chilenos assistem o crescimento de uma candidatura que, pela esquerda, ameaça romper com a polarização entre a direita e o campo da antiga Concertação.
Trata-se de Beatriz Sánchez, da Frente Ampla, apoiada por vários dos antigos aliados comunistas anteriores à adesão do partido ao esquema de poder do PS com a DC.
Mas o PCCh, que poderia ser uma força decisiva para ampliar as chances de uma alternativa progressista, segue amarrado a Nova Maioria, como uma corrente secundária e subordinada, passando ainda a vergonha de pertencer a um governo que ataca diuturnamente a revolução bolivariana e o governo venezuelano.
O partido ganhou algum conforto depois do rompimento da DC com a antiga coalizão, ocorrido há alguns meses, o que permite vender a hipótese de que a Nova Maioria poderá sair do pântano e assumir posições mais à esquerda.
Mas o fato triste é que o heroico PCCh, coluna vertebral do governo Allende e da resistência, novamente atolou em uma política que retira da classe trabalhadora independência, protagonismo e capacidade de confrontação.
O erro é novo, de fato, mas a matriz talvez seja antiga. A mesma que foi severamente criticada depois da derrota de 1973.
Após o golpe de Estado ocorrido em 1973, os comunistas tiveram a coragem política e a honestidade de fazerem uma profunda autocrítica de sua política anterior, atribuindo a essa orientação – em grande medida – as fragilidades da esquerda local em resistir à insurgência militar dirigida por Pinochet, o imperialismo e a burguesia chilena.
A decorrência disso foi a chamada linha de rebelião popular, vigente nos anos 70 e 80, com a construção da Frente Patriótica Manuel Rodriguez (braço armado do PCCh até 1987), a formação de uma frente com o MIR e a esquerda do PS, além de setores católicos e independentes, o esforço em todas as trincheiras por uma alternativa democrático e popular à ditadura pinochetista.
Nos anos 90 e no início do século atual, com a debandada dos socialistas para um acordo com a democracia-cristã, sob a égide da Concertação, o PCCh manteve a estratégia de construir um bloco popular independente, inclusive no plano eleitoral, apresentando candidaturas próprias a presidente.
Mas há alguns anos, possivelmente esgotados do longo período de marginalização institucional, pois o sistema eleitoral binominal herdado da ditadura interditava a vitória de candidatos comunistas ao parlamento, os herdeiros de Recabaren deram um giro em sua política e ingressaram na coalizão centrista de socialistas e democratas-cristãos, denominada Nova Maioria, que elegeu Michelle Bachelet para um segundo mandato como presidente.
Os comunistas puderam, então, eleger uma meia dúzia de deputados, pela aliança a qual se somavam, mas se comprometeram com um governo atolado nos marcos do neoliberalismo, incapaz de enfrentar com firmeza os entulhos da ditadura e amarrado aos interesses do grande capital.
Mesmo que, verdade seja dita, Bachelet tenha tentado ir algo além de políticas compensatórias, com o apoio dos comunistas, incluindo acenos para a convocação de uma Assembleia Constituinte (a Constituição chilena ainda é a da era Pinochet, imposta em 1980!), sua administração é ancorada em uma aliança político-social aprisionada pela lógica do capital financeiro e suas expressões políticas, como a própria DC e setores socialistas alinhados ao ex-presidente Ricardo Lagos, uma espécie de FHC local.
Próximos a novas eleições presidenciais, os chilenos assistem o crescimento de uma candidatura que, pela esquerda, ameaça romper com a polarização entre a direita e o campo da antiga Concertação.
Trata-se de Beatriz Sánchez, da Frente Ampla, apoiada por vários dos antigos aliados comunistas anteriores à adesão do partido ao esquema de poder do PS com a DC.
Mas o PCCh, que poderia ser uma força decisiva para ampliar as chances de uma alternativa progressista, segue amarrado a Nova Maioria, como uma corrente secundária e subordinada, passando ainda a vergonha de pertencer a um governo que ataca diuturnamente a revolução bolivariana e o governo venezuelano.
O partido ganhou algum conforto depois do rompimento da DC com a antiga coalizão, ocorrido há alguns meses, o que permite vender a hipótese de que a Nova Maioria poderá sair do pântano e assumir posições mais à esquerda.
Mas o fato triste é que o heroico PCCh, coluna vertebral do governo Allende e da resistência, novamente atolou em uma política que retira da classe trabalhadora independência, protagonismo e capacidade de confrontação.
O erro é novo, de fato, mas a matriz talvez seja antiga. A mesma que foi severamente criticada depois da derrota de 1973.