Serão eleitos 537 dos 545 membros da Assembleia Nacional Constituinte nesta jornada. Os outros oito serão escolhidos no meio da semana, exclusivamente pelas comunidades indígenas do país.
A votação tem transcorrido com normalidade, segundo a presidenta do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, e o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López.
A equipe do Jornalistas Livres, que está na Venezuela acompanhando o processo constituinte, informa que a oposição ao governo bloqueou ruas para tentar impedir o acesso dos cidadãos aos locais de votação.
Prevendo isso, o governo abriu o Poliedro de Caracas, complexo poliesportivo da capital, com um dos centros de votação habilitados para os eleitores que temiam retaliações da oposição nos municípios que ela controla politicamente, de acordo com o Brasil de Fato, que também está na Venezuela.
Os eleitores e eleitoras saíram dos mais remotos cantos do país, alguns atravessando rios de barco para chegar aos centros de votação e expressar sua vontade soberana.
Observadores internacionais também constataram total normalidade na votação.
A senadora espanhola Vanessa Angustia afirmou que desde o início da manhã o povo estava a votar com tranquilidade mas muitas filas nos locais de votação.
?? #VenezuelaVotaHoy su soberanía con total normalidad sus candidatos Asamblea Nacional Constituyente. Visitamos colegios electorales Vargas pic.twitter.com/jTonvOYFWt
— Vanessa Angustia (@VaneAngustiaEU) 30 de julho de 2017
“Não tenho conhecimento de ter visto uma eleição com tanto entusiasmo para votar”, destacou o francês Claudio Calfuquir, outro dos observadores.
#Venezuela je n'ai pas la connaissance d'avoir vu une élection avec un tel engouement pour aller voter. #assembleeconstituante pic.twitter.com/YTwMMLnXJY
— Claudio Calfuquir (@ClaudioCalfu) 30 de julho de 2017
Respondendo comentários contestando sua credibilidade, ele afirmou: “Ignorância? Estas fotos são de hoje. Desligue sua TV e venha conferir nas ruas de Caracas.”
L'ignorance? Ces photos sont d'aujourd'hui. Éteignez votre télé et venez faire un tour dans les rues de Caracas. #Observateur
— Claudio Calfuquir (@ClaudioCalfu) 30 de julho de 2017
Mídia opositora
Enquanto a população venezuelana aderia em massa à mobilização democrática deste domingo, os meios de comunicação daquele país deram destaque em seus portais às palavras da oposição.
O jornal “El Nacional” citou em uma notícia dois deputados opositores dizendo que houve 90% de abstenção nas votações, que 25% votaram nulo e que não houve nem 2 milhões de votantes. O jornal também informou sobre uma suposta repressão das forças de segurança a manifestantes, citando como fonte novamente um deputado opositor.
Entretanto, foram sete policiais que sofreram um ataque com explosivos durante esta jornada, no bairro nobre de Altamira, em Caracas, reduto opositor onde ocorrem há meses violentas manifestações e atos de vandalismo contra simpatizantes do governo e cidadãos comuns. Segundo a Telesur, o Ministério Público está investigando o ataque.
A Rádio Caracas, pelo Twitter, compartilhou comentários como o do ex-presidente colombiano Andrés Pastrana, forte adversário do governo bolivariano, que afirmou que na Venezuela “há um golpe e genocídio continuado” por parte do “regime”, além de outros tuítes expressando o posicionamento oficial do governo dos EUA.
No domingo anterior (23), 11 milhões de cidadãos participaram da simulação da Constituinte. Esse fato foi ocultado pelos grandes meios internacionais, que, no entanto, noticiaram a votação inconstitucional da oposição, que afirmou ter levado 7 milhões de pessoas às urnas com 98% de desaprovação à ANC, embora tenha havido relatos (ocultados pela mídia) de que cidadãos puderam votar mais de uma vez e depois os papéis foram queimados.