O grupo estava formado por jovens da classe média e alta que se autoproclamaram "resistência" contra o suposto regime autoritário de Hugo Chávez e em defesa da televisão privada RCTV , que enfrentava o fim de sua concessão. O movimento que levou o germe da sedição às ruas, teria sua maior eclosão dez anos depois, com a incitação à violência, através das chamadas guarimbas que em 100 dias deixaram 124 mortos, entre abril e julho de 2017.
O então estudante de Comunicação Social da Universidade Católica Andrés Bello e discípulo da Usaid (Agência do Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) conseguiu protagonismo em sua campanha pelo "Não" no referendo constitucional de 2007 para a reforma da Carta Magna, que em 02 de dezembro daquele ano não foi aprovado.
Depois seria eleito vereador em 2008 e em 2009 membro fundador do partido de extrema-direita Vontade Popular (VP), com Leopoldo López, outro promotor da violência que lançou em 2014 o plano golpista "La Salida". López foi julgado e condenado por esta ação que causou a morte de 43 venezuelanos.
Este número de vítimas ficou pequeno em 2017, depois que Guevara, agora deputado eleito (2015) e primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional burguesa em desacato para o segundo período de sessões, dirigiu, com outros integrantes da extrema-direita, uma onda de ações violentas contra o Estado, do qual forma parte como membro do Poder Legislativo. Além disso, promoveu uma intensa campanha internacional solicitando o bloqueio econômico, a intervenção estrangeira e criação de um governo paralelo.
Na entrevista para a página Breinguash, em maio de 2016, "De um grupo de rock a deputado", o ex-vocalista diz que sua meta é "dominar o mundo". Mas o perfil publicado pelo meio digital é de alguém "algo debochado, falador e ao mesmo tempo desligado". Assim com certeza foi fácil para ele encontrar algum Pokémon na Assembleia Nacional e ligeiramente confessar em uma entrevista para a tv que fumou maconha, mas não "essas coisas raras".
Também gosta de dar ultimatos, estimular a caça às bruxas contra chavistas e convocar atos violentos, como seus colegas, Julio Borges, Juan Requeséns, David Smolansky, Yon Goicochea e Lorent Saleh, que ficaram conhecidos através da mídia. Caracteriza-se ainda por uma subordinação política à direita internacional, evidenciada constantemente, como mostra a recente foto que tirou com Mariano Rajoy, em seu giro pró-ingerencismo contra a Venezuela que o levou a Espanha.
O álbum de família também inclui fotografias em ações de sedição nas ruas e apertando as mãos de elementos de grupos violentos que, com um mínimo componente estudantil, causaram destroços e mortes, tão amargas como seus tweets que estimulavam o ódio.
Agora o Tribunal Supremo de Justiça solicita à Assembleia Nacional Constituinte que retire a imunidade do deputado da direita, depois que o Ministério Público apresentou elementos sobre supostos delitos comuns que devem ser julgados por tribunais ordinários, como formação de quadrilha e utilização de adolescentes para delinquir.
"Assumirá as consequências dessa violência que está sendo gerada?", perguntou uma jornalista durante um dia violento nas ruas de Caracas nos primeiros dias de abril. E o deputado respondeu: "Eu não tenho medo do que faça este maldito governo. Eu fui eleito para tirar esta gente".
Agora aquele que foi o primeiro promotor dos trancaços está proibido de sair do país.