Durante sua mensagem anual sobre o exercício político e governamental de 2017, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda-feira que 2018 será o ano da consolidação do Petro—primeira criptomoeda respaldada por recursos energéticos de um país— com o objetivo de superar o cerco financeiro aplicado pelas grandes potências.
"Este ano estamos concentrados em consolidar o início do Petro. Demos todos os passos que temos que dar para que assim seja em nível nacional e mundial", afirmou.
No dia 27 de dezembro, o chefe de Estado assinou o decreto que declara como base material do Petro o campo número 1 do Bloco Ayacucho da Faixa Petrolífera do Orinoco, espaço que concentra mais de 5,34 milhões de barris de pet?óleo, cujo valor é de US$267 bilhões.
Este mecanismo dará ao país liberdade para suas transações, o que permitirá superar os entraves colocados no mercado financeiro internacional.
Novo impulso à Pvdsa
O presidente Maduro também afirmou que outro objetivo em 2018 é conseguir a transformação revolucionária da Petróleos de Venezuela (Pdvsa).
"Confiemos na classe operária, em sua ética e convertamos nossa Pdvsa neste ano de 2018 em uma poderosa empresa, em um poderoso motor, em uma poderosa alavanca da recuperação econômica em geral no âmbito do modelo da Agenda Econômica Bolivariana, dos 15 motores", disse.
A meta da estatal é aumentar a produção atual, de 1,9 milhão de barris por dia para 2,5 milhões.
O novo impulso dado à Pdvsa estará acompanhado da recuperação dos preços do petróleo, obtida graças ao corte da produção assinado e ratificado pelos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (opep) e outros grandes produtores.
O preço do barril de petróleo aumentou em média entre US$40 e US$60.
Este acordo, junto ao diálogo e o consenso entre os produtores, é uma das bandeiras do governo bolivariano para promover a estabilidade do mercado petroleiro.
O novo Dicom
A reativação do Sistema de Divisas de Tipo de Câmbio Complementar Flutante de Mercado (Dicom), baseado na transparência e flexibilidade, e que prevê a participação direta das empresas privadas, vai contribuir para o desenvolvimento econômico do país.
O chefe de Estado informou que este mecanismo entrou em funcionamento na última sexta, e tanto pessoas naturais como jurídicas podem participar do leilão de câmbio.
"O novo Dicom já entrou em funcionamento, qualquer venezuelano pode ofertar ou solicitar em um leilão, e estou dando garantia a todas as pessoas venezuelanas, que enviam remessas do exterior, para que possam abrir suas contas bancárias nos bancos públicos nacionais com a remessa e poder participar como ofertante no novo Dicom", afirmou.
Refinanciamento da dívida externa
Para superar as agressões financeiras contra o país e assegurar a atenção social ao povo venezuelano, o presidente Maduro, no começo de novembro criou uma comissão presidencial que tem a tarefa de consolidar o refinanciamento e a reestruturação da dívida externa.
O objetivo é buscar o equilíbrio econômico e atender as necessidades do país nas áreas da alimentação, moradia, saúde, educação e segurança.
Motor Mineiro
O motor mineiro da AEB terá um papel relevante na recuperação econômica do país.
Por isso, em dezembro, o chefe de Estado anunciou o Plano de Ordenamento da Gestão Produtiva da Mineração na Venezuela, que visa um melhor aproveitamento dos recursos do Arco Mineiro do Orinoco, uma região rica em recursos minerais localizada no sul do país.
Também autorizou a incorporação de 23 novas áreas dentro deste espaço natural para a produção.
A expectativa, com a formação destas áreas, é buscar uma relação mais próxima com os mineradores organizados, para o impulso da produção em cooperação com as empresas estrangeiras e o apoio de novas tecnologias.
As atividades executadas no Arco Mineiro do Orinoco durante 2017 geraram um total de 7,8 toneladas de ouro que passaram a fazer parte das reservas da nação que estão no Banco Central da Venezuela (BCV).
Investimento estrangeiro
A aplicação da Lei de promoção e proteção do investimento estrangeiro, aprovada recentemente pela Assembleia Nacional Constituinte (ANC), será fundamental para captar recursos a fim de aumentar a produção nacional.
Este instrumento estabelece os princípios, políticas e procedimentos que vão regular os investimentos estrangeiros produtivos de bens e serviços em qualquer de suas categorias, que apontam ao desenvolvimento das potencialidades produtivas existentes.
A lei será aplicada de forma prioritária nas atividades relacionadas com hidrocarbonetos, mineração, telecomunicações e meios de comunicação social.