'Eu diria que é o papel-carbono de uma velha política o que está se aplicando outra vez por parte da Casa Branca, que volta à retórica da guerra, da agressão, do incentivo ao terrorismo, do fortalecimento do bloqueio, ao isolamento, às ameaças', advertiu o parlamentar em diálogo com a Prensa Latina.
O também analista de temas internacionais e jornalista da revista Bohemia, comentou que a viagem por alguns países da região do secretário norte-americano de Estado, Rex Tillerson, e o próprio Trump em seu recente discurso sobre o Estado da União deixaram claras essas pretensões.
Tillerson tem feito declarações muito agressivas, muito belicosas e até menciona a possibilidade de intervir militarmente na Venezuela e com seu périplo o que busca é apoio, precisou Barredo. Afirmou que este percurso do chefe da diplomacia estadunidense lhe recorda o que foi feito por outro enviado de Washington em 1960 para isolar Cuba e depois o bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto pelo governo norte-americano, que entrou em vigor justamente há 56 anos, em 7 de fevereiro de 1962.
Tillerson procura, em um cenário diferente certamente, o isolacionismo em relação à Venezuela e para isso tentam vincular algumas nações latino-americanas em um contexto opositor à Revolução bolivariana, sentenciou.
Agora mesmo - destacou - acabam de dizer que boicotarão a Venezuela na exploração e exportação de seu petróleo, não explicaram como poderão fazer algo semelhante.
Antecipou que a próxima Cimeira das Américas no Peru 'poderia servir aos propósitos dos Estados Unidos porque se provaram todas as formas políticas para tentar desarticular a região', ressaltou.
Expressou que na reunião do Panamá, em 2015 'se alcançou o conceito unitário da América Latina em meio às diferenças; conseguiu-se um acordo frente aos Estados Unidos e por isso Cuba participou pela primeira vez'.
O que ocorreu durante a VII Cimeira - recordou - pôs de manifesto um fortalecimento da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que desempenhou um importante papel sobretudo após declarar a região como zona de paz.
No entanto, já ameaçam que Trump não irá à Cimeira se..., ou seja 'os condicionamentos, um mecanismo de pressão que utilizam sempre, é a política que não mudou', insistiu o legislador.
Temos que ver o que acontecerá com essa reunião, na qual se abordará demais o interessantíssimo tema da corrupção em uma região onde há sérios e graves problemas, em particular nas grandes estruturas de poder, indicou.
A respeito das ações do governo de Trump, Barredo concordou que é muito oportuna a recente declaração do Ministério de Relações Exteriores de Cuba na qual se faz um lembrete sobre a doutrina Monroe (sintetizada na frase 'América para os americanos', foi elaborada por John Quincy Adams e atribuída ao presidente James Monroe em 1823).
'O garrote e a cenoura, está comigo ou contra mim são elementos que os Estados Unidos emprega', ressaltou. E os exemplos saltam à vista, basta mencionar as ameaças da representante dos Estados Unidos na ONU aos países que se opusessem à decisão de seu governo de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
Interrogado sobre a notícia da nomeação de Trump (pela terceira vez desde 2016) para o Prêmio Nobel da Paz, o deputado Barredo afirmou que 'nada pode estranhar'.
Ainda que não tenha se revelado quem apresentou a candidatura do governante, se fala que, como argumento para a proposta, se esgrime o usar a força para preservar a paz, 'que antipolítica e antiética e falta de respeito à honradez, ao sentido comum', enfatizou.
Finalmente, ratificou que a política da Revolução cubana está exposta nessa declaração da Cimeira da Celac (Havana, janeiro de 2014), sobre a América Latina e o Caribe como zona de paz.
'É princípio de nossa política exterior', enfatizou o deputado, que indicou que 'temos buscado dentro do marco da diplomacia os caminhos que não debilitem a coesão que a América Latina precisa para sobreviver face ao futuro'.
A América dispersa - alertou - não poderá enfrentar os desafios do desenvolvimento sustentável e os problemas que estão aí como os da água, do aquecimento global, a sobrevivência dos seres humanos...
Muito menos sobreviver e enfrentar tais desafios 'se não tiver uma coesão para procurar soluções aos problemas de maneira regional', concluiu.