Em sua quase totalidade a tragédia colombiana deve-se à sua estreita aliança com os Estados Unidos. No final de 2009, a Embaixada dos Estados Unidos em Bogotá, num cabograma vazado para o Wikileaks, reconhece de passagem estimativas que davam conta da existência de centenas de milhares (257.089 registrados) de assassinatos cometidos por grupos paramilitares de extrema direita e que como consequência alguns grupos indígenas encontravam-se à beira da extinção. Os números são recordes mesmo na América Latina. Em 2012 a organização Human Rights Watch (HRW) relatou que tais grupos continuavam a atuar em conjunto com as forças Armadas da Colômbia que por sua vez recebem apoio total do governo norte-americano. Em 2014 o Chefe de Gabinete do governo dos Estados Unidos, John Kelly, referiu-se aos militares da Colômbia como “parceiros magníficos dos Estados Unidos” que se mostravam altamente “agradecidos pelo que os Estados Unidos fizeram por eles”.
O atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, foi Ministro da Defesa no período entre 2006 e 2009. De 2002 a 2008 cerca de 3.000 pessoas foram assassinadas pelos militares colombianos. A questão foi levada à Corte Penal Internacional (ICC) que concluiu pela responsabilidade dos mais altos escalões das forças armadas o que caracteriza uma “política de estado”. A probabilidade de que a manifestação da ICC tenha algum efeito prático é praticamente nenhuma mas tem seu valor de denúncia.
Enquanto o drama colombiano se desenrola sem merecer maior atenção a Venezuela, à qual nem mesmo os atiçadores internacionais ou domésticos apontam qualquer caso concreto de violência estatal, é retratada como o inferno cujas chamas precisam ser apagadas com a água benta do imperialismo.