No entanto, o povo venezuelano se mantém em pé e apoia os líderes da Revolução Bolivariana. Como explicar essa resistência heroica?
O LEGADO DE CHÁVEZ
O comandante bolivariano mudou a história do seu país para sempre. As forças de Chávez agora têm seu legado e o projeto estratégico que ele projetou para a Venezuela como uma das principais ferramentas para projetar o presente e o futuro daquela nação.
Mesmo algumas pessoas que se opõem ao atual governo compartilham as ideias de inclusão, justiça e igualdade que chegaram à política das mãos de Chávez.
A mudança cultural e a maneira de entender como o governo funciona é, talvez, a maior contribuição do chavismo e uma das chaves para entender o porquê de sua capacidade de resiliência.
A CAPACIDADE DA LIDERANÇA DE MADURO
Chávez viu em Maduro a figura para dar continuidade à Revolução Bolivariana e assim ele o informou ao mundo, algumas semanas antes de sua morte.
Esse apoio simbólico indiscutível foi combinado com as capacidades de liderança e resistência mostradas por Nicolás Maduro no exercício de suas funções, diante de todas as ameaças.
Seja na arena política internacional ou em inúmeras praças públicas no interior de seu país, o atual presidente consegue levar suas mensagens a amplas camadas da população com base em uma ideologia revolucionária, chavista e antiimperialista.
MISSÕES SOCIAIS
Iniciadas por Chávez e continuadas por Maduro, as missões e grandes missões mudaram a face da Venezuela, em poucos anos. Uma das mais importantes foi Bairro Dentro, que conta com a colaboração de médicos cubanos para levar saúde aos recantos mais remotos da Venezuela.
Até meados de 2017, 71.900.000 exames médicos (de uma amostra de sangue a uma tomografia computadorizada axial) foram feitos gratuitamente e quase três milhões de procedimentos cirúrgicos foram realizados. Foram salvas 179.191 vidas; 830 médicos indígenas se formaram e outros milhares estão sendo treinados.
A Operação Milagre, também com ajuda cubana, permitiu que mais de 70.000 venezuelanos recuperassem a visão.
Em outro campo de grande impacto social, a habitação, a nação bolivariana quebrou todos os recordes, com mais de dois milhões de casas construídas e entregues ao povo em condições justas.
VOCAÇÃO HUMANISTA DA REVOLUÇÃO
Desde 2013, o governo Maduro aprofundou a vocação humanista da Revolução iniciada por Chávez, dedicando a maior parte do Produto Interno Bruto aos programas sociais e à redistribuição da riqueza.
Mesmo em meio às limitações e ao boicote econômico da direita, os cidadãos não ficaram desabrigados.
Por exemplo, em 2016, foi lançado um programa para levar alimentos à população a preços justos e evitar a especulação, que atualmente beneficia mais de 12 milhões de famílias.
Por meio dos Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAPs), são distribuídas mais de 60 mil toneladas de alimentos e produtos básicos aos setores mais vulneráveis da sociedade venezuelana.
Além disso, a «Carteirinha da Pátria», um documento de leitura eletrônica entregue a 16 milhões de pessoas, permitiu melhorar o acesso a programas sociais e bônus de ajuda.
UMA OPOSIÇÃO DIVIDIDA
Depois da vitória conjuntural da direita, nas eleições parlamentares de 2015, que parecia inspirar essa desacreditada facção política do país, com grande tendência à violência, nos últimos meses a Mesa da Unidade Democrática (MUD) vem se desarticulando.
Alguns setores ainda apostam na sabotagem e na destruição do país, como forma de ganhar poder, enquanto outros valorizam a possibilidade de confrontar o chavismo nas urnas, como foi visto nas últimas eleições presidenciais.
Esta quebra foi aprofundada com a decisão do adversário do chavismo, Henri Falcón, de se apresentar nas eleições, afastando-se do boicote encorajado pela MUD. Por causa de suas próprias vaidades e lutas internas, assim como o custo social de seus métodos violentos, a direita perde cada vez mais prestígio. No entanto, tem sido um fator desestabilizador para o país e uma porta aberta para a interferência estrangeira.
UNIDADE CÍVICA-MILITAR
As atuais Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANBs) têm um caráter pacifista e, ao mesmo tempo, uma condição radicalmente antiimperialista, zamorista, anti-oligarca, chavista e nacionalista. Essa realidade é outra das grandes conquistas das transformações de Chávez e uma das garantias para a estabilidade do país.
Portanto, e em meio a uma situação crítica devido aos ataques da direita nacional e internacional dos inimigos, o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, tornou pública sua rejeição de qualquer tentativa de insurreição armada.
«A revolução bolivariana, o Estado e o povo venezuelano têm e contam com as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANBs) cumprindo suas tarefas constitucionalmente», disse Padrino.
Por outro lado, as FANBs ratificaram sua fidelidade à Constituição e ao povo de Bolívar perante as declarações intervencionistas dos Estados Unidos.
VENEZUELA COMO BALUARTE ANTIIMPERIALISTA
Durante as últimas duas décadas, os venezuelanos também se conscientizaram de que seu país, com seus grandes recursos naturais, desempenha um papel transcendental no concerto das nações, especialmente na América Latina e no Caribe.
Os ideais de Bolívar estão no centro do pensamento de Chávez, especialmente sua advertência de que «os Estados Unidos parecem destinados pela Providência a assolar a América Latina com misérias, em nome da liberdade». Tanto Chávez como Maduro assumiram essa visão com uma vocação antiimperialista e a favor das causas do Terceiro Mundo.
O governo de Nicolás Maduro é uma voz internacional em nome dos humildes e explorados, o que dá a esse país uma dignidade reconhecida pelos povos de todo o mundo.