Essa situação mudou radicalmente em 1989 quando o Povo venezuelano, protagonista da primeira revolta popular contra o neoliberalismo no século XX, mostrou ao mundo que a forma clientelista de fazer política, ausente e de costas ao povo, era impossível de se sustentar no tempo.
Os cérebros do neoliberalismo já tinham decretado o Fim da História e a morte da política, após cair em desgraça o modelo político prevalecente na Venezuela. Chávez emerge quando a escola neoliberal impunha seu dogma tecnocrático (antípolítica) em todo o mundo, baseado no discurso economicista da eficiência na administração de recursos. Seu objetivo era nos fazer acreditar que os problemas sociais, econômicos e políticos podiam ser resolvidos desde o paradigma da racionalidade instrumental, baseada em princípios de eficiência, eficácia e otimização de recursos.
Chávez resgata o conceito e a práxis política com P Maiúsculo, com P de Povo, com P de Pátria.
Ao preencher de conteúdo real e popular a democracia e a política, Chávez desenvolve e impulsiona um novo modelo democrático, participativo e protagônico. Era sua resposta ao chamado do momento, à necessidade e ao requerimento histórico da aparição e visibilidade do povo, o único protagonista diário do poder de gestão. Ele fez isso confiando nos poderes criadores do poder constituinte, capaz de fundar o novo desde si mesmo, nunca desde o outro.
Assim, Chávez transformou a política em exercício diário de criação coletiva livre, soberana e independente de qualquer domínio externo ou interno.
(*) Advogada constitucionalista venezuelana, integrante da Assembleia Nacional Constituinte (ANC).