“O que fica em evidência é que o Ministério Público e o Governo, desta vez pela boca do ministro encarregado, Guillermo Rivera, pretendem tapar o sol com um dedo”, com estas palavras, o porta-voz nacional da Marcha Patriótica, David Florez, respondeu ao diagnóstico segundo o qual dos mais de 100 membros da Marcha que foram assassinados, apenas dois estariam relacionados com o ativismo político.
Com evidente insatisfação, Florez argumentou que “existe um padrão de perseguição. Primeiro vem a estigmatização, depois as ameaças e, por fim, o assassinato. Isto é o que demonstramos. Além disso, é um fato que grande parte destes assassinatos ocorreram antes ou depois de protestos ou mobilizações sociais. Não podem nos dizer que é um assunto isolado”.
Para o dirigente da Marcha Patriótica, o trabalho do Ministério Público no contexto de uma negociação de paz só pode ser qualificado como um fracasso. “São muito incompetentes para investigar os casos de membros da Marcha que foram assassinados. Pelo contrario, têm cerca de 300 pessoas de nossa organização investigadas, sindicadas e até presas por crimes de rebelião sem que tenham sido apresentadas provas”.
A contundente resposta da Marcha Patriótica se deu logo depois que o ministro do Interior (e), Guillermo Rivera, encabeçou uma reunião de prosseguimento às ameaças a defensores de direitos humanos e líderes sociais, da qual também assistiram delegados do Ministério Público, da ONU e da Unidade Nacional de Proteção, após a qual afirmou que “da lista entregue pela Marcha Patriótica com os 113 homicídios de integrantes desta organização, temos notícia criminal de 106. Desses 106, até o momento, pelas hipóteses que elaborou o Ministério público a partir das pesquisas e recolhimento de provas, somente dois pareciam ter relação com a militância política”.
Por isso, membros da Marcha Patriótica consideram um absurdo a informação manipulada pelo Governo e assinalam que “nós não temos nenhum interesse particular ao fazer as denúncias, nem nos beneficiamos em nada com isso. O que deixamos claro é que estão nos matando e se isto acontece agora, não sei o que vai ocorrer em um futuro no pós-conflito e com as FARC quando deixarem as armas. Creio que o Ministério Público não está preparado para isto”.
Foto: David Florez, porta-voz nacional da Marcha Patriótica e o ministro de Interior (e), Guillermo Rivera.
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2016/07/07/colombia-marcha-patriotica-si-nos-matan-a-nosotros-que-va-a-pasar-con-las-farc/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)