A presidente Michelle Bachelet, que já tinha prometido a reforma do sistema após a primeira manifestação, a 24 de julho, voltou a garantir que pretende reforçar o carácter solidário do sistema de pensões, aumentando de 10% para 15% a taxa das contribuições para o sistema num prazo de dez anos, com a diferença a ser paga pelo empregador.
“Estamos a trabalhar para solucionar o sistema de pensões. Obviamente, os problemas não se ultrapassam da noite para o dia, mas vamos trabalhar para que as mudanças aconteçam o quanto antes”, declarou a presidente chilena, citada pelo diário La Nación.
Por seu lado, os organizadores do protesto prometem “não descansar até conseguir que as nossas poupanças deixem de estar ao serviço dos grupos económicos e que de uma vez por todas se ponham ao serviço de quem são os seus verdadeiros proprietários: os trabalhadores e trabalhadoras”. Caso o governo não avance rapidamente no sentido de acabar com o sistema privado de pensões, o porta-voz do movimento, Luis Mesina, anunciou um novo protesto nacional para o dia 4 de novembro.
O sistema de pensões privado foi criado pela ditadura de Augusto Pinochet, considerada um dos laboratórios do neoliberalismo da escola de Chicago. As Administradoras de Fundos de Pensões (AFP), entidades financeiras privadas, gerem as contribuições dos trabalhadores (10% do salário mais a comissão paga à entidade gestora) e determina o valor da pensão com base na rentabilidade dos montantes descontados. Ou seja, em vez do montante fixo e conhecido antecipadamente, a pensão de dez milhões de chilenos está dependente da flutuação dos mercados.
Apesar das AFP apresentarem lucros (que aumentaram 71.4% nos primeiros meses de 2015 em relação ao ano anterior, segundo fonte do setor citada pela BBC), quando chegam à idade da reforma, os chilenos foram surpreendidos com pensões mensais abaixo dos 250 euros.