A profunda economia se transformou em uma estendida instabilidade politica do governo de Maduro em meio ao desastre do chavismo. Hoje as massas operários e populares voltam a sofrer os padecimentos das crises econômicas e o impacto dos golpes na queda dos níveis de vida pesando sobre as suas costas.
Venezuela está no centro da atenção politica amarica latina e internacional durante mais de décadas e meia e hoje, mais do que nunca, os olhos se põem sobre o que acontece no país e no futuro que se ele se depara. Não é por menos, é que durante um bom tempo, o que se conheceu como "revolução bolivariana" impactou todo o continente, incindindo marcadamente nas correntes de esquerda e gerando ao mesmo tempo uma oposição ferrenha a direita venezuelana e latino americana, assim como dos Estados Unidos.
É que o chavismo foi a variante mais à "esquerda" dos governos nacionalistas e centro-esquerdistas surgidos na América Latina no calor da crise do neoliberalismo e os levantes populares nos primeiros anos do século XXI, para conter as crises politicas e a agudização das lutas de classe, mas reconduzindo elas dentro da ordem capitalista e a dependência.
Mas hoje a história é outra, a profunda crise econômica desnudou a bancarrota de um "nacionalismo petroleiro" sobre que se assentou Chavez sem superar jamais o rentismo petroleiro, revelando o limite se seu projeto nacionalista burguês. Mas demonstrando uma vez mais que sem dar solução aos problemas mais estruturais da nação nem tocar no capital não pode ter libertação nacional e muito menos se falar em socialismo.
Em toda esta etapa, vimos como na Venezuela o governo nunca deixou de destinar milhões e milhões de dólares aos bancos imperialistas para pagamento da dívida externa. Ao contrário, esta cresceu enormemente. Não deixaram de operar centos de transnacionais que exploram os recursos naturais e os trabalhadores venezuelanos, gerando riquezas as principais potenciais; garantindo o pagamento de " indenizações" ao capital transnacional pelas estatizações. Não deixaram de existir os banqueiros e de aumentar suas ganancias, nem deixaram de fazer negócios com os empresários nacionais e viver do trabalho assalariado.
Em meio ao desastre econômico, por exemplo, o governo prefere pagar mais de 30.000 milhões de dólares em menos de dois anos para pagamento de divida externa, optando por pagar os credores e os abutres internacionais que destinar verba ao povo, impondo a eles grande necessidades. Nesse campo, como em muitos outros, não teve nenhuma dúvida, tomou a opção de honrar os predadores do grande capital ao invés de honrar a dívida com o povo.
Tirar as lições estratégicas
Frente a situação que se abre no país, que se anuncia mais critica no terreno econômico e mais convulsiva no político, a tarefa é continuar lutando para por em pé uma grande força potencial da classe operária, em aliança com o povo pobre, sem nenhuma subordinação aos ditames do governo nem a estratégia da oposição patronal, vencendo os obstáculos que os mesmo governo impõem: presunção, amedrontamento policial e militar, até repressão e o encarceramento de trabalhadores que lutam para além do tolerado pelo governo ou os empresários aliados do mesmo.
Ao mesmo tempo que se luta nesta perspectiva nos lugares de trabalho e sindicato, é necessário discutir entre a vanguarda em luta dos trabalhadores e da juventude que se reivindica pró operária e de esquerda, a necessidade de tirar as lições estratégicas da experiências que foi o chavismo como projeto politico.
O chavismo fez "uso" e "abuso" dos termos "socialismo" e "revolução", as distorcendo seu significado, e hoje desgraçadamente, a nível das grandes massas, estas tendem a identificar "socialismo" com o que foi o chavismo e não com as transformações radicais para acabar com esta sociedade de exploração capitalista mediante sua auto organização, decidindo elas mesmas seus próprios destinos e lutando por um governo próprio, dos trabalhadores e do povo pobre.
Por em jogo o peso decisivo das massas na discussão do futuro venezuelano exige uma orientação estratégica de classe, operária e socialista, para reagrupar os setores que começam a fazer sua experiência de luta e política, para romper a subordinação política do movimento operário e popular ao chavismo e com a direita que hoje se propõem capitalizar.
Os militantes que conformam a Liga dos Trabalhadores pelo Sindicalismo ( LTS) fomos uma das poucas organizações da esquerda que nunca aderimos ao nacionalismo burguês de Chavez, e navegando na contra corrente lutamos permanentemente pela independência de classe e política dos trabalhadores ao mesmo tempo que lidamos pela construção de uma corrente revolucionária, operária, anticapitalista e anti-imperialista.
Nesta etapa que se abre convulsivamente no país com seus contornos ainda imprescindíveis, continuamos este combate, pois não duvidamos nunca que o caminho para sair do beco sem saída estratégico que conduzem esses governos, é a luta pela independência política dos trabalhadores frente todo projeto que se proponha manter a ordem capitalista, e pela construção de partidos operários revolucionários e internacionais, para lutar por um governo próprio dos trabalhadores, que pode encabeçar uma verdadeira liquidação do poder do capital imperialista sobre nosso povo, a emancipação da exploração por parte de uma minoria de banqueiros e capitalistas nacionais.