Muitos perguntavam-se se o convite do governo de Miguel Ángelo Mancera para tocar no Zócalo silenciaria as opiniões de Roger Waters, célebres por sei caráter crítico ao capitalismo, suas guerras e sua violência.
A resposta obtiveram durante o decorrer do primeiro concerto do fundador da lendária banda Pink Floyd, realizado no Foro Sol, na noite de 28 de setembro.
Aos gritos de “não queremos outro muro!”, Waters criticou Donald Trump e sua política xenófoba e racista. Nas telas do Foro podia-se ler a frase “Trump eres un pendejo” [“Trump é um idiota”].
No que decorreu, desde as primeiras canções de Pink Floyd, o concerto foi desdobrando-se pouco a pouco, por meio de imagens que acompanhavam o espetáculo, um discurso antirracista, com imagens dos protestos de Ferguson, Estados Unidos. Do mesmo modo, abordou temas como a crise de refugiados na Europa e os crimes do sionismo contra o povo Palestino.
Conforme o espetáculo avançava, as mensagens foram se fazendo mais concretas até que apareceu um porco de ar quente gigante com as legendas “Ni una más”, “Vivos se los llevaron”, “Nos faltan 43 e miles más” e “Fue el Estado”, consigna que comoveu o México em 2014, no marco dos protestos pelo desaparecimento dos 43 normalistas de Ayotzinapa. Seguiram-se consignas de “renuncia ya”, sob a qual milhares de pessoas se mobilizaram semanas atrás na Cidade do México.
Quase no final do concerto, Waters fez a leitura de um papel e, em espanhol, diante de mais de 58 mil pessoas, recordou seu encontro com familiares dos 43 de Ayotzinapa e questionou o governo de Enrique Peña Nieto pelo desaparecimento de mais de 28 mil pessoas durante sua administração.
Neste sábado, dia 1 de outubro, Waters dará um concerto gratuito no Zócalo da Cidade do México. A poucos dias de realizar-se, a Secretaria de Segurança Pública emitiu uma série de medidas restritivas que geraram descontentamento, pode-se consulá-las aqui.