No túmulo onde jazem seus restos mortais no cemitério Los Ilustres nesta capital, membros da Comissão Política, da juventude e militantes de base da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), manifestaram seu compromisso com as mudanças impulsionadas pelos dois governos deste partido a favor do povo.
Farabundo Martí nasceu em 5 de maio de 1893, na localidade de Teotepeque, no atual departamento da Liberdade, e desde pequeno teve contato com camponeses e trabalhadores e começou a ver de perto as injustiças contra os mais despossuídos, e também à rechaçá-las.
Sua infância e adolescência transcorreu em uma época em que o poder oligárquico de algumas famílias do café roubavam as terras dos indígenas e camponeses e na qual se ergueram as primeiras indústrias para processar o café que levou à ruína milhares de produtores artesanais deste produto.
Depois de graduar-se bacharel em 1913, iniciou estudos de leis na Universidade de El Salvador, que abandonou para se dedicar à luta revolucionária.
Participou na organização, entre 1918 e 1924, de sindicatos de trabalhadores, e não só foi parte das batalhas de seu povo, como também foi membro da União Anti-imperialista das Américas, do Socorro Vermelho Internacional e do Partido Comunista Mexicano.
Por seu pensamento e ação foi exilado e viajou à Guatemala, México, Cuba, Jamaica, Estados Unidos e Nicarágua. Na Guatemala, em 1925, participou na fundação do Partido Comunista Centro-Americano.
Combateu junto a Augusto César Sandino na Nicarágua contra a invasão estadunidense, de forma que em 4 de maio de 1929 lhe foi concedida a patente de coronel efetivo do Exército Defensor da Soberania Nacional da vizinha nação.
Ao regressar a El Salvador, o país vivia uma profunda crise econômica e o povo começava a organizar-se ante as penúrias que sofria entre o despejo das terras, a pobreza, a desigual distribuição das riquezas.
Farabundo foi líder nestas lutas e converteu-se no principal dirigente do Partido Comunista Salvadorenho, fundado em 1930.
Após o golpe de Estado do general Maximiliano Martínez, contra o governo de Arturo Araujo, em 22 de janeiro de 1932, produziu-se uma grande rebelião de indígenas e camponeses.
Participou nos preparativos do levante, mas foi detido em 19 de janeiro de 1932, julgado sumariamente pelos militares e fuzilado por ordens do ditador Maximiliano Martínez em 1 de fevereiro de 1932.
Seu partido foi posto na ilegalidade no contexto de uma grande onda repressiva. Em 1980, o Partido Comunista de El Salvador uniu-se com outras quatro formações para integrar a guerrilha que retomou sua figura como símbolo de resistência.
A FMLN iniciou uma longa luta contra os governos da oligarquia salvadorenha até 1992, quando foram assinados os Acordos de Paz e desde então se converteu em um partido político de esquerda, ganhador das eleições de 2009 e de 2014 de maneira consecutiva.