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Diário Liberdade
Quarta, 23 Novembro 2016 09:12 Última modificação em Sábado, 26 Novembro 2016 01:12

Continua a violência paramilitar contra camponeses na Colômbia: outro dirigente ferido com gravidade

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País: Colômbia / Repressom e direitos humanos / Fonte: PCB

O fato ocorreu quando o líder camponês saía do velório de seu companheiro de luta Erley Monroy Fierro.

Um líder camponês colombiano se encontra em estado grave após receber cinco impactos de balas por parte de dois sujeitos desconhecidos.

Hugo Cuellar, líder campesino da Colômbia, ficou ferido com múltiplos impactos de bala neste sábado quando se dirigia a sua casa após participar do velório de seu companheiro de luta, Erley Monroy Fierro.

Tão somente dois dias depois do assassinato de Monroy, em San Vicente del Caguán, dirigentes da União Patriótica denunciam a perseguição, ataque e assassinato de outros de seus membros.

Em torno das 23:00 horas local de sábado (04:00 GMT de domingo), Cuellar recebeu cinco impactos de bala vindos de um veículo em movimento e, apesar de conseguir sobreviver ao atentado, se encontra em estado grave de saúde, assim denunciou Andrés Gil, porta-voz da Marcha Patriótica.

Além de pertencer ao movimento social e político colombiano Marcha Patriótica, o ferido também é presidente da Junta de Ação Comunal (JCA) da localidade Victoria no Meta e é parte da Associação Campesina ambiental Río Lozada.

No mesmo dia da morte de Monroy, outro camponês, Didier Losada, foi assassinado por desconhecidos que entraram em sua residência na jurisdição de La Macarena, departamento do Meta.

No início da semana, José Antonio Velasco foi encontrado sem vida e com sinais de tortura em uma estrada de Caloto, departamento do Cauca. A vítima era membro ativo na defesa dos direitos dos camponeses.

O senador Iván Cepeda se pronunciou através do Twitter denunciando a eliminação dos membros do Movimento.

Neste contexto de brutal arremetida contra a população campesina da Colômbia, dirigentes da Marcha Patriótica convocaram para esta segunda-feira, 21 de novembro, uma concentração na sede da Procuradoria Geral de Bogotá para exigir garantias ao Estado colombiano.

Assim, os dirigentes e defensores dos direitos dos camponeses exigem a imediata aplicação do Acordo de Garantias de Segurança.

Não existe trégua: em 48 horas 5 atentados contra líderes sociais

O líder camponês Hugo Cuéllar assistiu, neste sábado, 19 de novembro, participou ao velório de um companheiro assassinado horas antes: Erley Monroy. Erley foi encontrado nesta sexta-feira, dia 18, ferido de morte na região de Siberia, em San Vicente del Caguán (Caquetá), próximo do Batalhão Cazadores, na rua que conduz a seu sítio e morreu horas depois no hospital. Cuélllar, presidente da Junta da localidade La Victoria (La Macarena) regressava a sua casa aproximadamente às 11 horas da noite e foi interceptado por sicários com os quais lutou. Recebeu um tiro no abdômen e se encontra hospitalizado sob cuidados intensivos.

Erley Monroy Fierro, da Associação Campesina de Losada-Guayabero (Ascal-g), foi indicado várias vezes pelo prefeito de San Vicente del Caguán, e uribista Humberto Sánchez Cedeño, após sua morte e do atentado contra Cuéllar. A porta-voz da associação de campesinos do Caquetá, Luz Mery Panche, acredita que o responsável por esta onda de ataques contra os líderes sociais é o prefeito. “Desde o momento que assumiu o cargo como prefeito do Centro Democrático, fez fortes acusações contra as organizações sociais e camponesas com grupos irregulares e, também, o fez quando trabalhamos a favor do Sim no plebiscito”, explicava Panche à rádio Caracol hoje.

Os acontecimentos registrados em Caquetá não são os únicos que inquietam os movimentos sociais e defensores de direitos humanos. Nas últimas 48 horas também foram assassinados outros dois líderes: na sexta-feira, Didier Losada Barreto, na localidade de Platanillo (La Macarena) e, neste mesmo domingo, Rodrigo Cabrera, em Policarpa (Nariño). No caso de Losada, às 9:30 da noite dois homens encapuzados entraram em sua casa e o mataram a tiros diante de sua mulher, de seu filho e de um vizinho. Sobre Cabrera ainda não existem detalhes.

A inquietante onda de violência das últimas horas se completa com o atentado sofrido por Danilo Bolaños, secretário da subcomissão da Associação de Trabalhadores Campesinos de Nariño e membro da Marcha Patriótica. Bolaños voltava de moto de uma reunião aberta pela paz celebrada no município de Leyva e ia acompanhado de sua companheira quando, de outra motocicleta, foram disparados seis tiros, ainda que nenhuma bala tenha conseguido acertá-los.

A situação é extremamente preocupante porque estes últimos casos se somam a uma longa lista de vítimas que, somente no Cauca, já é de 15 líderes assassinados e vários atentados. O último caso, o do também membro da Marcha Patriótica José Antonio Velasco, encontrado em 11 de novembro na localidade El Palo (Caloto) já morto e com sinais de tortura pelo corpo.

Por isso, hoje se começa a falar do início de um “novo genocídio”, neste caso especialmente dirigido contra a Marcha Patriótica porque todas as últimas vítimas estavam ligadas a este movimento nacional. A organização anunciou uma coletiva de imprensa para esta segunda-feira, porém já fala de que se “está consolidando um novo genocídio político na Colômbia” e recorda que desde 2011 foram assassinados 120 de seus militantes e que no ano de 2016 já se somam 17 vítimas mortais.

O senador Iván Cepeda interpelava hoje o ex-presidente Uribe nas redes sociais: “E agora o que dirá Álvaro Uribe? Que os integrantes da Marcha Patriótica também estão se autoeliminando?”. Cepeda se referia a algumas polêmicas declarações feitas pelo ex-mandatário em Madri, há 10 dias, quando afirmou: “No assassinato da UP interveio as próprias FARC. Eles (as FARC) provocaram reações criminosas por sua combinação de formas de luta, eles mesmos assassinaram muitas pessoas de sua organização porque o assassinato é sua forma de fazer política”.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que mantiveram silêncio prudente ante este aluvião de violência contra líderes sociais nesta fase de incerteza sobre os acordos de paz, falaram neste domingo através do comandante Pablo Catatumbo, que consideram esta sucessão de fatos “um péssimo sinal”. “Assassinam líderes camponeses, desalojam acampamentos de paz, assassinam guerrilheiros no cessar-fogo, se posterga a implementação”. Por isso, as FARC exigem a implementação imediata dos acordos.

De fato, a partir do Comando do Ponto de Reagrupamento Temporário Guerrilheiro da Zona de El Tigre e Buenavista (Meta), as FARC apresentavam um comunicado no qual chamavam à população à “mobilização e ao protesto como ferramenta legal para denunciar o crime e a ameaça que se encerra sobre a população”. “No momento político em que vive o país, às portas da assinatura do Novo Acordo de Paz, do início da implementação dos Acordos e o abandono das armas das FARC-EP, os inimigos do processo de Paz pretendem responder com o assassinato dos líderes campesinos, para decapitar a futura promoção da representação eleitoral das poblaciones e zonas especialmente afetadas pelo conflito e o abandono, e que merecem as Circunscrições Especiais de Paz”.

A Fundação pela Defesa dos Direitos Humanos e o DIH do Oriente e do Centro da Colômbia (DHOC) exige hoje do Governo a imediata implementação do ponto 3.4 dos acordos assinados com as FARC, que são os que se relacionam com as “garantias de segurança e luta contra as organizações e condutas criminosas responsáveis por homicídios e massacres, que atentam contra defensores/as de direitos humanos, movimentos sociais ou movimentos políticos”. Dois dias antes, Todd Howland, representante na Colômbia do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, conclamava a que se tomem medidas de imediato e recordava que não é possível esperar mais pela implementação dos acordos entre o Governo e as FARC. “Existe um marco legal preexistente que se refere à proteção dos direitos humanos”. Howland relacionou estas mortes com o “processo de paz” pelos vazios de poder que estão ficando nas zonas das quais foram saindo as FARC para as zonas de pré-concentração.

O ministro do Interior, Juan Fernando Cristo, anunciava nas redes sociais neste domingo, ao meio-dia, que o presidente, Juan Manuel Santos, convocou uma reunião de urgência para avaliar a situação. “Condenamos os homicídios dos líderes sociais e comunais dos últimos dias”.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2016/11/20/sigue-la-violencia-paramilitar-contra-campesinos-en-colombia-otro-dirigente-herido-de-gravedad-tras-ser-baleado/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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