Resolver a situação das 795 milhões de pessoas ameaçadas de morte pela fome implicaria «verbas milionárias» – lê-se no periódico digital cubano –, mas estas seriam insignificantes quando comparadas com as despesas de milhares de milhões na «corrida ao armamento» ou os orçamentos militares no valor de centenas de milhares de milhões.
Entre as causas apontadas para a fome pelo Programa Alimentar Mundial estão precisamente as guerras alimentadas por esses orçamentos. Outros factores associados são a pobreza e a escassez de recursos, a falta de investimento na agricultura, a instabilidade nos mercados e o desperdício de alimentos.
«As desigualdades globais e a injustiça, frutos do neoliberalismo, trazem à tona o último ingrediente da tragédia: um terço de todos os alimentos produzidos (1,3 mil milhões de toneladas) nunca é consumido. Deita-se fora em nome da concorrência, da estabilidade dos preços no mercado capitalista e em função dos bolsos dos magnatas», denuncia o texto.
Mata mais que SIDA, malária e tuberculose juntas
Referindo-se a dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês), o Cudadebate lembra que a fome mata, a cada ano, mais seres humanos que a SIDA, a malária e a tuberculose juntas.
Uma em cada oito pessoas deita-se com fome – acrescenta –, sendo que a grande maioria vive em países em desenvolvimento, onde 12,9% da população apresenta algum grau de desnutrição.
A Ásia é o continente onde maior número de pessoas passa fome – dois terços do total – e a África subsariana é a região com maior prevalência (percentagem da população) de fome (uma em cada quatro apresenta-se desnutrida).
Pela primeira vez em duas décadas, a fome aumentou na América Latina e nas Caraíbas (atinge 42,5 milhões de pessoas), de acordo com o último relatório publicado pela FAO e a Organização Pan-americana da Saúde (OPS), em Outubro do ano passado.
O atraso do mundo rural nesta região do mundo é «alarmante», alerta o periódico, com os índices de pobreza rural a situarem-se 20 pontos percentuais acima da da urbana; a pobreza extrema é superior em 22% à urbana.
Crianças fortemente atingidas
Quase sete milhões de crianças morrem antes de atingirem os cinco anos de idade. As deficiências na nutrição são responsáveis por quase metade (45%) dessas mortes (3,1 milhões), bem como pelo atraso no crescimento (uma em cada quatro) e do baixo peso (um em cada seis, ou seja, aproximadamente 146 milhões), refere a peça.
Como consequência da má alimentação das mães, todos os anos nascem 17 milhões de crianças com peso inferior ao indicado para a sua altura.
Outro elemento destacado no artigo são os 66 milhões de crianças que, nos países em desenvolvimento, assistem às aulas da escolaridade primária com fome. Só em África, estima-se que o número atinja os 23 milhões.