O Pará já acumula duas mortes no campo no mês de dezembro. Em Santa Bárbara do Pará, região metropolitana de Belém, outro agricultor, Cleber Oliveira, foi executado na frente da famíla. Na Paraíba, duas lideranças do MST foram brutalmente assassinadas. O Pará lidera o ranking de assassinatos no campo, com 22 homicídios em 2017, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT).
No Pará, os inúmeros casos de trabalhadores perseguidos por pistoleiros vem sendo causados pela grande quantidade de terras que pertencem, além de empresários e mineradoras, a deputados, senadores e vereadores do estado. É o caso do deputado estadual Sidney Rosa (PSB), que obtém sua renda por meio da extração de madeira, segundo dados do TRE-PA. “O mesmo é dono de mais de 10 mil hectares de terras, único proprietário de uma madeireira que leva seu nome, além da participação em outras três empresas exportadoras do produto. Seu patrimônio, segundo sua declaração ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é de R$ 7,6 milhões”, segundo o blog De Olho Nos Ruralistas. Dados do mesmo blog apontam que o deputado já foi acusado de trabalho escravo na Fazenda de Vitória, no município maranhense de Carutapera.
A família Barbalho (MDB) é acusada de controlar grandes números de terras pelo Estado. O senador Jader Barbalho renunciou, em 2001, ao Senado Federal por ter sido denunciado em vários esquemas de corrupção generalizada que envolviam as empresas que sua família é dona. Anos depois, a maracutaia continua em família, agora com o governador eleito, Helder Barbalho. Ambos estão envolvidos no escândalo da JBS e Odebrecht. “Aos 73 anos, Jader voltou a ser investigado por suposto recebimento de propinas na construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
O senador, que respondeu com firmeza a denúncia, tem conseguido vitórias por causa da morosidade da Justiça Federal. “Em 2015, ele foi absolvido de uma das acusações envolvendo a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Ele teria recebido cerca de 20% do valor dos contratos de financiamentos da superintendência”, segundo o blog De Olho Nos Ruralistas. “Jader foi sócio de um dos maiores fraudadores da Sudam, José Osmar Borges, acusado de desviar R$ 133 milhões do órgão. Borges também foi sócio da segunda mulher do senador, Márcia Zahluth Centeno, em um ranário que chegou a receber R$ 9,6 milhões, mas pouco vendeu rãs”, afirma o blog. A família Bengtson (PTB) é acusada de estar envolvida no assassinato de trabalhadores sem terras. “A família Bengtson tem mais de 4 mil hectares de terras. O patriarca, Josué, declara ainda três caminhões, dois tratores, uma roçadeira, uma avião e R$ 1 milhão em dinheiro vivo, segundo declaração de 2014 para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As propriedades dos Bengtson estão em Santa Luzia do Pará, município do norte do estado com 91% do território desmatado, segundo dados de 2013″, segundo o mesmo blog. “O filho Marcos Bengtson, já foi preso em 2010, acusado de mandar torturar e matar o camponês José Valmeristo Soares, o Caribé, que ocupava parte da Fazenda Cambará. Três anos antes, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) denunciara, ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que os Bengtson haviam grilado parte da Gleba Pau de Remo”, denuncia o blog.
O Senador Flexa Ribeiro (PSDB) defende a lei que liberava a plantação da cana de açúcar no Estado. O senador tem 2,7 mil hectares em Chaves, na Ilha do Marajó, defende projetos de lei pra tomar terras indígenas e é “defensor ferrenho dos proprietários da Fazenda Pagrisa, em Ulianópolis, onde foram encontrados cerca de mil trabalhadores rurais em condições análogas à escravidão.” Tais dados apontados pelo blog mostram que os políticos do congresso estão envolvidos diretamente com os conflitos pelas terras no estado do Pará.
Vários assassinatos de trabalhadoras e trabalhadores que lutam por um pedaço de terra diante daqueles que massacram e saqueiam a Amazônia. O futuro governo de Jair Bolsonaro reafirmou a venda da nossa região, e foi além, afirmando que irá tipificar como terrorismo os movimentos de trabalhadores rurais, com o total apoio da bancada ruralista, com o objetivo de ampliar o agronegócio e criminalizar a reforma agrária. Por essa questão reafirmamos nosso apoio e solidariedade aos trabalhadores do campo, contra a exploração das famílias que detêm gigantescas propriedades rurais, contra o agronegócio que desmata cada vez mais a Amazônia, contra o veneno que é servido no prato de cada trabalhadora e trabalhador brasileiro. Vamos seguir firmes na luta.