O caso mais conhecido é o de Amancio Ortega, talvez o maior milionário do mundo, com o seu grande império económico no setor da indústria e o comércio têxtil, assim como nas finanças. Porém, outros sete nomes próprios de burgueses galegos estám à frente das maiores fortunas no Estado espanhol, segundo a revista Forbes.
Todos eles se caraterizam nom só polo seu grande poder de acumulaçom de capital, mas também pola aposta na desnacionalizaçom da Galiza, servindo ao fortalecimento do Estado espanhol como representante institucional dos seus interesses de classe.
Saída da crise: mais acumulaçom capitalista, menos peso dos salários
Juntos, os 8 maiores capitalistas galegos tenhem mais capital do que territórios com maior desenvolvimento industrial, como as comunidades autónomas da Catalunha, País Basco ou Madrid, o que se explica pola atividade exportadora de capitais dos grandes burgueses galegos. Ao todo, a grande burguesia industrial e financeira galega entesoura 83.600 milhons de euros, muito acima dos 39.925 acumulados em Madrid, ou os 32.475 da Catalunha, se bem essas duas comunidades autónomas ficam acima da Galiza no número de milionários.
Um só capitalista, Amancio Ortega, fai toda a diferença para situar o nosso país à frente das comunidades autónomas do Estado espanhol no que toca à acumulaçom de capital. O seu império atinge os 74.900 milhons de dólares (68.400 milhons de euros), aumentando 12% em relaçom aos dados do ano passado e confirmando a reativaçom do processo de acumulaçom capitalista após a última crise mundial de 2008. Ortega terá ganho 7.500 milhons de euros nos últimos 12 meses.
Curiosamente, o aumento da acumulaçom de capìtal em poucas maos após a saída da crise de 2008 contrasta com umha queda de 3% do peso dos salários no PIB galego, de 48,6% para 44,4% (dados de 2015). Entretanto, os lucros empresariais, globalmente considerados, passárom no mesmo período de 2008 até 2015 de 43,7% para 45.5% do PIB.
Na Galiza, nos últimos anos os lucros empresariais já tenhem um maior peso no PIB do que os salários. A saída da crise está a reforçar claramente a burguesia, que está a vencer a luita de classes contra a classe trabalhadora, o que fica patente na queda do valor da força de trabalho como resultado do incremento da exploraçom.
A indústria e as finanças à cabeça da extraçom e distribuiçom de mais-valia
Além de Amancio Ortega, a lista restrita multimilionários galegos está ocupada pola sua filha Sandra, bem como o presidente do holding de empresas Inveravante, Manuel Jove, antigo dono de Fadesa, dedicada ao setor da especulaçom imobiliária. Convém lembrar que Jove realizou um movimento “inesperado” em 2006, vendendo Fadesa antes do rebentamento da bolha imobiliária, e passando a diversificar a sua atividade em setores como a energia, o agroalimentar, a gestom do solo e as finanças. Isso permitiu-lhe sair reforçado da crise, mantendo-se no topo do grande capital instalado na Galiza, com mais de 2.000 milhons de euros de capital. Isabel Castelo D’Ortega, presidenta do Grupo Ocaso, com quase mil milhons, integra também essa lista de grandes capitalistas, nesse caso no setor dos seguros.
No clube exclusivo de multimilionários estám também os donos de Megasa (Metalúrgica Gallega), Bartolomé e Enrique Freire Arteta, assim como o grupo siderúrgico “Freire Hermanos”; o grupo financeiro “Inversiones Subel”, de Luis Fernández Somoza; o presidente de “Hierros Añón”, Manuel Añón; os irmaos Dominguez Fernández, da “Sociedad Textil Lonia”...
Locomotiva capitalista retoma a marcha até a próxima falência
A lista continua aberta e deixa claro que a atividade industrial, combinando a presença na Galiza com a exportaçom de capitais a áreas com menor custo da força de trabalho, continua a ser o motor principal da locomotiva capitalista, também para a renegada burguesia galega.
Longe de fábulas sobre “desmaterializaçom”, “financeirizaçom” ou “revoluçom do conhecimento”, a indústria (têxtil, siderúrgica, energética, agroalimentar) é claramente o sustento da produçom de valor no capitalismo mundial, alimentando a riqueza nas maos dos donos das grandes corporaçons, das iniciativas financeiras associadas, do comércio e dos serviços que completam o ciclo de reproduçom aumentada do capital.
À espera da próxima crise que poderá chegar no curto prazo, falta que a classe trabalhadora, única produtora de valor, tome consciência da sua importáncia e responsabilidade histórica, pegando no leme da produçom socializada e pondo-a ao serviço das verdadeiras necessidades das pessoas e nom do capital.
Também na Galiza.