[Jefferson Pecori Viana*] A nomeação de José Serra para a condução do Ministério de Relações Exteriores (MRE) representa uma ruptura com a tradição diplomática brasileira de ter à frente de suas relações internacionais profissionais com histórico de carreira e competência na área internacional, tradição esta ampliada na gestão de Lula e Dilma, nas quais não apenas o cargo de Chanceler de Relações Exteriores fora concedido a partir de características técnicas-políticas, mas também a mesma regra para a enorme maioria de nossas Embaixadas. Portanto, José Serra como Chanceler brasileiro representa, mais além da ruptura mencionada – que caracteriza uma verdadeira “deformação técnica” para o Itamaraty – uma ação estratégica do Presidente Interino, Michel Temer, para conciliar em torno de si parte da oposição que tornou possível o impedimento da presidenta Dilma e, ao mesmo tempo, um passo estratégico do projeto eleitoral do PSDB-paulista para as próximas eleições presidenciais.