“Nós não temos mais República no Brasil”, afirmou o intelectual brasileiro neste sábado (28), em uma intervenção no 1º Encontro Internacional pela Democracia e contra o Golpe, em Amsterdã, organizado por militantes e ativistas políticos e sociais brasileiros que vivem no Brasil e no exterior.
Para Emir Sader, o processo montado em torno do impeachment de Dilma e da Operação Lava Jato está causando grandes retrocessos ao desenvolvimento nacional e aos direitos da classe trabalhadora e de toda a população brasileira.
“A ideologia é: 'vivemos um momento transcendental em que é possível e necessário suspender os direitos tradicionais para combater o tema da corrupção'”, disse, atribuindo o conceito ao juiz federal Sérgio Moro, estreito aliado dos políticos que assumiram o governo após a queda de Dilma, denunciou.
Ainda apontou a relação do magistrado com as autoridades do governo dos Estados Unidos, atuando como parceiros na deposição da ex-mandatária e na perseguição política a membros do PT, especialmente ao ex-presidente Lula.
Sader lembrou do evento de formação de juízes realizado em 2009 no Rio de Janeiro por assessores estadunidenses, em que Moro participou. Também citou o uso de dados para tentar incriminar políticos, fornecidos pela espionagem do governo dos EUA sobre a presidência da República, o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras.
No entanto, o governo de Michel Temer, unicamente voltado ao ajuste fiscal para os bancos e apoiado no agronegócio, não tem qualquer respaldo popular e a direita está de certa forma fracionada.
Também em sua análise, existe mundialmente um sentimento de esgotamento do neoliberalismo, o que é retratado pela eleição de Donald Trump nos EUA e pelo “Brexit” no Reino Unido. “O Brasil é o elo mais frágil da restauração neoliberal, portanto a disputa aqui é decisiva”, advertiu.
Para ele, caso o aparato montado para criminalizar Lula não tenha sucesso, o líder petista será eleito pelo voto popular nas próximas eleições presidenciais. Ainda em meio à crise neoliberal, em sua visão, será preciso fortalecer a integração regional e os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para oferecer uma alternativa aos povos do sul.