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Segunda, 23 Mai 2016 20:47 Última modificação em Sexta, 27 Mai 2016 01:41

Hiperinflação ou deflação

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/ Laboral/Economia / Fonte: Diário Liberdade

[Alejandro Acosta] O capitalismo tem sido atingido pela pior recessão da história mundial. A recessão tem atingido em cheio todas as principais economias. Além dos Estados Unidos, também o Japão, a Alemanha, a Inglaterra, a França e toda a Europa.

Os chamados países emergentes, principalmente a China, a Rússia, o Brasil e a Índia, se debatem no aprofundamento da crise. Alguns dos demais países atrasados também têm sido atingido em cheio, como a Argentina, o México, a Coreia do Sul, a Turquia e a África do Sul. A bonança dos altos preços das matérias primas, para onde migraram enormes volumes de capitais especulativos, a partir da crise do mercado imobiliário, chegou ao fim há vários meses.

Os “anabolizantes” da injeção de dinheiro podre na economia, com o objetivo de salvar os lucros dos monopólios, têm funcionado como uma espécie de combustível adulterado. As engrenagens do capitalismo mundial estão engasgando.

A demanda tem caído enquanto os mercados têm sido inundados de mercadorias. Os gigantescos investimentos, para os quais foram direcionados crescentes volumes de capitais, provocaram a disparada da produção que agora não encontra saída, principalmente na China, Ásia e em outros mercados emergentes. Os estoques estão superlotados, com dificuldades para controlar os preços nos níveis requeridos pelo capital, obrigando a baixar os preços para desovar os estoques. Esse seria um componente da “deflação” que acontece em todos os setores da economia.

O MUNDO EM DIREÇÃO À “HIPERINFLAÇÃO”

A propaganda da imprensa burguesa gasta rios de tinta para tentar ocultar os gravíssimos problemas que corroem o sistema capitalista. A inflação e o desemprego atuam como um câncer que colocam em movimento as massas trabalhadoras. Por esse motivo, é justamente sobre essas duas questões que as manipulações estatísticas são realizadas com maior intensidade.

A farsa de que a economia estaria pressionada na direção da deflação está muito longe de acontecer nos países atrasados. Na América Latina, a inflação se acelera a passos largos em direção à hiperinflação. Na Venezuela, os números oficiais apontam para uma inflação de mais de 800% neste ano. Na Argentina, de 50%.

No Brasil, a inflação oficial se encontra em torno aos 10%. Na realidade, a inflação é pelo menos o dobro para os trabalhadores que recebem até três salários mínimos e que representam a maioria da população. A inflação sobre os preços controlados, que têm um peso de 40% sobre o índice total, foi de apenas 1% antes de remover parte dos subsídios. Essa mágica é conseguida com bilhões de recursos públicos repassados para manter os lucros dos grandes capitalistas sem aumentar os preços. O impacto tem sido a disparada da dívida pública, cujos números também são muito manipulados por meio de um arsenal de truques. O fato é que no próximo período, principalmente, o aumento dos ataques contra os trabalhadores é inevitável. O enfrentamento aberto entre a classe operária e a burguesia estará aberto. Os movimentos grevistas que aconteceram na década de 1980 e que colocaram no chão a ditadura militar serão retomados, e num patamar superior. Desta vez, a burocracia sindical ligada ao PT, que já apresenta sinais de profunda crise, deverá ser ultrapassada. Em cima desta base, se coloca a necessidade da construção de um partido de massas, operário e revolucionário.

“DEFLAÇÃO” NOS PAÍSES DESENVOLVIDOS?

A propaganda da imprensa burguesa nos países desenvolvidos tenta ocultar o aumento dos repasses de recursos públicos aos grandes capitalistas.

No Japão, há pelo menos dois anos, o governo tem comprado em torNo a U$ 700 bilhões anuais em títulos podres pelo valor de face. Nos Estados Unidos, estavam sendo destinados US$ 85 bilhões mensais às mesmas operações. Esses repasses foram eliminados devido a que as taxas de lucro do mercado de títulos podres, que movimenta mais de US$ 5 trilhões, tinha caído a pique, de 15% a menos de 4,5%. O mesmo aconteceu na Europa. Mas os repasses de recursos públicos continuam por meio de vários mecanismos. Um dos principais se dá por meio dos empréstimos, ilimitados, a baixíssimas taxas de juros. Esses volumes gigantescos de dinheiro são aplicados imediatamente na especulação financeira, que representa o coração da economia capitalista.

O grau de parasitismo do capitalismo é enorme. A dependência do estado é absoluta. E não teria como ser diferente. Somente a especulação com os chamados derivativos financeiros supera em cerca de 15 vezes o PIB mundial.

Por que o estado burguês é obrigado a repassar trilhões para os capitalistas?

Um recente relatório da TBAC (Treasury Borrowing Advisory Committee ou Comitê de Coordenação dos Empréstimos do Tesouro) dos Estados Unidos mostrou que a demanda total por HQCs (High Quality Collaterals ou colaterais de alta qualidade) supera os US$ 11 trilhões, em condições de estresse, nos Estados Unidos. Em condições de “normalidade” a demanda seria de “apenas” US$ 5,7 trilhões.

Os números mostram a falsidade do chamado acordo Basileia III, que teria como objetivo reduzir a exposição ao risco do sistema financeiro. Uma das medidas principais seria aumentar o volume de ativos próprios de 3% (nível de 2007) para 11%. A imprensa imperialista tem propagandeado um cenário otimista onde os bancos teriam ultrapassado esse patamar e que o valor adicional teria ficado entre US$ 1 trilhão e US$ 2 trilhões, muito longe dos números apresentados pelo TBAC. O Basileia III não passa de uma mentira deslavada para ocultar uma realidade catastrófica.

Os chamados “ativos” são papéis, títulos financeiros, que teriam notas melhores das agências qualificadoras de riscos. Para chegar nesses percentuais os títulos do governo norte-americano recebem uma qualificação de risco de 0%. Os títulos dos demais bancos recebem uma qualificação de risco de 20%. Ou seja, a própria contabilidade é tão podre que, no caso da bancarrota de uma peça do sistema, ele todo vem abaixo. Uma nova bancarrota em cascata, como a detonada a partir da bancarrota do Lehman Brothers em 2008, mas em proporções muito maiores está colocada para o próximo período.

Os trilhões repassados para os grandes capitalistas (que hoje se identificam com especuladores financeiros), por meio dos chamados programas QE (quantitative easing ou alívio quantitativo) tem um calcanhar de Aquiles gigantesco e imediato. Para esses recursos serem aplicados na especulação financeira se fazem necessários enormes volumes de recursos destinados a funcionarem como colaterais (espécie de fiança), que hoje estão dimensionados, pelo TBAC, em US$ 11,2 trilhões nos Estados Unidos. Isso quer dizer que conforme o capital fictício aumentar, mais capital fictício será necessário, numa adição parecida com a de um dependente de crack que antes tenha sido usuário de cocaína.

https://alejandroacosta.net

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