Diante da conjuntura internacional do capitalismo, cada vez mais perversa e agressiva para a classe trabalhadora, principalmente para as mulheres, população negra, LGBT e imigrantes, essa carta se apresenta como uma chama que conclama uma grande greve e paralisações no nosso dia internacional de lutas.
A carta, com um claro conteúdo classista, aponta como o capital financeiro destrói de forma cada vez mais acelerada a vida de nós trabalhadoras e trabalhadores, bem como para a necessidade de as marchas estadunidenses ganharem um caráter de luta anticapitalista e avançarem para além das lutas contra misoginia, homofobia, racismo, xenofobia e anti-imigrantes expressas pelo governo de Trump.
As massas nos EUA nos últimos dois meses foram para as ruas contra Trump após um chamado às mulheres a reagir aos interesses representados por esse governo e sua plataforma política. No dia 21 de janeiro, houve atos em 4 estados dos EUA, com uma grande mobilização em Washington. Os atos tiveram um caráter amplo, com diversas pautas, mas com foco principalmente nas lutas contra as diferentes formas de opressão e dominação. Foi dirigido por mulheres, mas englobou mulheres, homens, população LGBT, bem como diferentes povos que vivem naquele território.
Por um lado, essas marchas expressam que a luta de classes nos EUA pode avançar a um outro patamar no próximo período em reação às políticas de Trump e ao alto nível de desemprego e pobreza no país, que acomete principalmente as mulheres, a população negra e imigrantes. Por outro, como aponta a carta, isso é uma possibilidade de as lutas feministas ganharem uma nova expressão, diferente daquelas hegemônicas nos trabalhos de ONGs, em alguns setores universitários e em diferentes movimentos ativistas pelo mundo, o feminismo liberal, que tem grande visibilidade entre uma parte das mulheres.
Essas intelectuais e ativistas embasam a convocação a partir dos últimos acontecimentos nos EUA e a partir da convocação de paralisações nacionais em 30 países contra a violência machista e pelos direitos reprodutivos, apontando que esses podem ser os primeiros passos para a internacionalização das lutas contra todas as formas de violência – doméstica, sexual, reprodutivas, estatais e do capital. Também tem em vista as últimas movimentações de mulheres pelo mundo, como a marcha Ni una a menos, que gerou uma paralisação nacional de mulheres contra todas as formas de violência na Argentina e que ganhou força em diferentes países da América Latina, principalmente no Peru.
A carta aponta um horizonte que deve ser almejado por nós feministas classistas: a internacionalização das lutas das mulheres trabalhadoras pelo mundo. Abre-se a possibilidade de ganhar força um feminismo que abarque a luta e a vida das mulheres trabalhadoras, que se proponha a revolucionar a vida de toda nossa classe, como nós designamos, um feminismo classista.
A luta contra o capital imperialista, o patriarcado, o racismo, a LGBTfobia e qualquer forma de dominação/opressão tem que ser necessariamente internacional. O dia internacional das mulheres foi um dos maiores exemplos do esforço de camaradas como Clara Zétkin e Alexandra Kollontai, para internacionalizar um dia no qual mulheres trabalhadoras de todo o mundo estivessem nas ruas e nas lutas, por nossos direitos e pela radical transformação social(1).
Dessa forma compreendemos o caráter da convocação de uma greve internacional no 8 de Março e nos solidarizamos ao chamado, apesar de avaliarmos que o nível de organização da nossa classe internacionalmente, bem como nacionalmente, ainda é incipiente diante de todos os desafios impostos pelo capital imperialista e sua expansão exploradora e genocida.
Precisamos, portanto, para além desse chamado, de voltarmos nossa militância também para o trabalho de base e para o diálogo com a mulher trabalhadora, estando nos lugares onde elas estão, realizando círculos de estudos, panfletagens, cine-debates e demais atividades para que consigamos inserção junto à classe e à organização das mulheres de nossa classe. É necessário que as mulheres trabalhadoras tomem o rumo da luta contra a precarização de suas vidas em suas próprias mãos, para organizar uma greve geral que contrarie os interesses do empresariado e os grandes proprietários de terra que hoje retiram nossos direitos, muito bem representados pelos gestores do capital Trump e Temer.
Respondemos ao chamado das companheiras afirmando que o 8 de Março será de paralisações e de lutas, mas também de muito trabalho de diálogo com as mulheres! Estaremos nas ruas contra todas as violências às mulheres e à nossa classe, violência doméstica, reprodutiva, sexual, no trabalho e aquelas praticadas pelo Estado Burguês, a exemplo das reformas da previdência e trabalhista, propostas pelo governo Temer, que tornarão ainda pior e mais penosa a vida das trabalhadoras e trabalhadores. Afirmamos que, nos locais onde tivermos inserção, estaremos paralisando nossos trabalhos e/ou em amplas campanhas em cada local de trabalho/estudo/moradia. Estaremos organizando, dialogando e disputando a consciência da nossa classe – trabalhadora, mulher, LGBT, homem, negra, camponesa, indígena, quilombola, ribeirinha, cigana, de diferentes etnias e diferentes nacionalidades, que lutem contra o capitalismo e as diferentes formas de opressão!
Avante! A nossa luta é internacional!
Coordenação Nacional do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, Filiado à Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM)
1. Clara Zétkin propôs, em consonância com proposta vinda das mulheres do Partido Socialista Americano, a comemoração de um dia internacional de luta das mulheres no II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, que aconteceu em 1910, em Copenhague, na Dinamarca.
Para acessar a carta: http://www.esquerdadiario.com.
Outros links sobre o tema:
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