MERCADO X LUTA DE CLASSES | Maconha: o ópio do proletário?
Essas drogas “legais” mobilizam um mercado bilionário no Brasil e no Mundo, aos custos, completaria, da exploração da força de trabalho do proletariado. Fora que o mercado publicitário das cervejas exploram a imagem da mulher com apelações quase – quase? – que sexuais. O mercado existe, para as drogas legais ou ilegais. O que acredito ser prioridade nesta discussão é a tentativa de acabar com o mercado ilegal da droga. No caso da maconha, por ser a maconha uma planta que já temos diversos estudos científicos e farmacêuticos que COMPROVAM as suas potencialidades clínicas, a saída mais viável seria a legalização. Os dados demonstram que o álcool e o tabaco matam, juntos, mais de 500 mil pessoas ao ano. Até hoje não se viu nenhum atestado de morte referindo-se ao uso da maconha. Mas não me atenho apenas a este argumento.
Não é porque o reacionário ex-presidente FHC, depois que saiu da presidência, começou a levantar bandeira da legalização da maconha que eu, socialista, não o apoiaria neste e único sentido. Se nos preocupamos com o mercado privado que pode monopolizar desde a produção à comercialização da mesma, então teríamos que dedicar esforços a pensar uma forma do Estado comandar, por assim dizer, este tipo de mercado. E ainda ir além, lutar para que tudo que for gerado como renda possa ir para setores prioritários da nossa sociedade. Como Educação por exemplo. Sou contra a criminalização do usuário de drogas e contra a chamada “guerra às drogas” da forma que encontra-se. É evidente que nenhuma das duas resolve o problema em questão. Mas a não legalização da maconha acaba colocando-a no mesmo patamar que a cocaína, o crack e a heroína – as drogas que mais matam, e matam mesmo, pessoas no mundo todo - direta e indiretamente. Maconha não mata, é um fato, mas o seu “mercado” sim.
Marx em a “religião é o ópio do povo”, defendia que a mesma seria um produto da superestrutura do sistema, utilizado pela classe dominante para justificar a condição de vassalo, a condição onde o servo(camponês) tinha uma fidelidade divina ao seu nobre. Sua condição de vida era justificada porque “Deus quis assim”, tronando o trabalhador indiferente para com a revolução. Não acredito que a maconha exerça esse poder sobre a classe trabalhadora, a não ser na condição que ela se encontra, a margem da legalidade. Nessa forma que está, ela só consolida a exploração da classe dominante para com a classe dominada. Se não existe legalidade, não temos como discutir questões como ‘descriminalização do usuário’ e nem combater o bom combate. Tornam-se ações vazias e ineficazes.
HISTÓRIA DO VENCIDO | A descriminalização é a solução
Confesso que não sou especialista no assunto, mas sou bastante curioso a respeito. Historicamente falando, a maconha é um elemento que foi discriminado por pertencer a uma cultura de derrotados. Utilizo da palavra derrotado, não no sentido pejorativo mas no sentido de um povo que perdeu guerras e acabou sendo colonizado pelos interesses mercantis europeus. A História que contamos é a História dos vencedores. Do homem branco europeu em pleno processo civilizatório. A “civilização” era a bandeira defendida, e ainda o é.
Todo tipo de cultura – aqui refiro-me ao tipo de língua, de costumes, de organização social, religião e entre outros elementos – que era associada ao derrotado foi esquecida, quando não conseguiram apagar da História tornaram-na ilegal e marginal. A maconha neste caso está no mesmo patamar que o candomblé, a acarajé, a dança de roda, o axé e outros elementos da cultura africana. Oras, se o processo histórico fosse o contrário, ou seja, fossem os negros à ditarem o que é civilização, muito provavelmente eu não estaria tendo que responder a essa pergunta pois o ato de fazê-la não faria nenhum sentido lógico.
Descriminamos o que não conhecemos e nos achamos no direito de categorizar o que é legal ou ilegal pelo simples fato de pertencer ou não a nossa cultura. Pensamento mais reacionário que esse, eu desconheço. Essa seria a minha resposta sobre a legalização da maconha. Não sou o dono da razão, mas acredito que não temos coerência quando discutimos sobre a questão das drogas enquanto colocamos em nossas mesas produtos cheios de venenos. Sendo assim, recomendo a leitura da dissertação de Mestrado de uma mulher muito pragmática, Luísa Saad, com o título “Fumo de Negro: a criminalização da maconha no Brasil (1890-1932)”.
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