Português de nascença, sua militância revolucionária o fez brasileiro. Enviado ao Maranhão como padre pela igreja católica, Alípio se ligou profundamente às massas pobres da periferia de São Luis. Já fora da igreja, se destacou como dirigente das Ligas Camponesas na década de 1960, chegando a ser seu secretário geral. Foi ainda responsável pelo jornal A Liga, órgão da luta camponesa. Com o Golpe militar-fascista de 1964, passa à clandestinidade e dirige-se a Cuba, onde planeja voltar ao país e dar prosseguimento à luta revolucionária. É preso em 1970 e passa quase dez anos no cárcere, enfrentando e resistindo às mais brutais torturas.
Membro do conselho editorial de A Nova Democracia, Alípio de Freitas sempre foi assíduo leitor e ativo colaborador. Mesmo havendo perdido completamente sua visão nos últimos anos, continuava zeloso ao desenvolvimento do jornal, ouvindo atentamente a leitura feita por colaboradores.
Recebeu da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) a distinção de Presidente de Honra de sua organização. Alípio a recebeu com grande entusiasmo.
Em fevereiro desse ano, Alípio de Freitas promoveu o lançamento da nova edição de seu livro Resistir é Preciso, em Lisboa, ocasião em que foi homenageado por seus 88 anos de luta e resistência que se completaram no dia 17 de fevereiro.
Nos meses de maio e junho desse ano, Alípio vinha recebendo uma série de homenagens prestadas por diferentes organizações de Portugal e participando de debates, conferências e concertos que celebravam uma vida inteira dedicada à luta.
Enfrentou recentes problemas de saúde com firmeza e serenidade, sem interromper sua incessante atividade junto aos movimentos populares, democráticos e revolucionários em Portugal e outros países.
Seu corpo está sendo velado na Basílica da Estrela, em Lisboa, e seu funeral será realizado no cemitério Alvito, no Alentejo. O enterro será amanhã (14/06) às 12 horas (horário de Portugal), que corresponde às 8 horas da manhã daqui do Brasil.
Enviamos à sua inseparável companheira Guadalupe, à sua filha Luanda, familiares, amigos e companheiros nosso fraternal abraço e nossos sinceros sentimentos.
Confira entrevista realizada com Alípio em AND nº 63, março de 2010.