Com o tema “Água e energia com soberania, distribuição da riqueza e controle popular”, o encontro teve como objetivo acumular experiências de lutas e resistências no campo energético, estreitar e dar seguimento na relação de solidariedade com organizações populares do campo e da cidade e apontar as estratégias do movimento popular a curto e longo prazo neste contexto de golpe e forte retirada de direitos sociais.
As barragens, o lado perverso e a luta por direitos
Do Ceará, na Bacia do Vale do Rio Jaguaribe, Reuber Tadeu Lopes Chaves, historiador, relatou a sua visão e as reações das comunidades a partir do momento que receberam as informações sobre a barragem do Castanhão e suas construções. O discurso proveniente dos governos ressaltando, por exemplo, acesso à água para a população logo foi revertido em facilidades apenas para o agronegócio. A mudança de postura logo foi percebida, causando medo e migrações forçadas das famílias da região.
Pacélio Rolim, agricultor da cidade de Nova Jaguaribara, contou as experiências de diálogos entre a sociedade civil, principalmente sobre a questão da perda das terras e suas moradias e a construção de novas habitações. As perdas imateriais segundo Pacélio são incalculáveis.
No Rio Grande do Sul, na Bacia do Rio Uruguai, fronteira com a Argentina, as agricultoras Cleusa Escher e Clarice Jahns, comentam a maneira em que na época a informação a respeito da construção da barragem chegou: com um discurso de progresso proveniente do governo municipal e da empresa, com pouco detalhamento da obra e nenhuma participação da sociedade. Clarice afirma que a partir da mobilização, foram suspensas as construções, além de ser realizados estudos de impacto ambiental, demonstrando a gravidade das futuras consequências. Já Cleusa reforça o choque que causaria a modificação das rotinas das comunidades e demonstra, assim como Clarice, a importância do papel da mulher na organização popular.
Além de traçar uma análise sobre o papel das privatizações no setor elétrico como elemento para se entender o golpe, Jeová Pereira faz o anúncio de uma alternativa ao modelo energético. Pereira, do Sindicato dos trabalhadores Urbanitários do Distrito Federal, integrante da Plataforma Operária e Camponesa pela Água e pela Energia, aponta como a construção da plataforma cria diálogos entre os trabalhadores e trabalhadoras da cidade e do campo, aproximando estratégias de defesas à privatizações e também a unificação de lutas com causas comuns a soberania brasileira.
O 8º Encontro Nacional, teve aproximadamente 4 mil pessoas de delegações de 19 estados brasileiros, além de delegações internacionais da América Latina e Europa.
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