Os atos ocorreram em Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e no Distrito Federal.
Fora Temer no Rio de Janeiro. Foto: Mídia Ninja
O que antes era convocado como “dia de paralisações” terminou com ações isoladas, passeatas nos centros das capitais, com peso dos aparatos sindicais das centrais ex-governistas.
Durante a semana o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, já havia anunciado que uma “greve geral seria preparada, mas irá apenas ocorrer quando o governo interino do vice-presidente Michel Temer encaminhar para o Congresso Nacional as medidas de retirada de direitos que vêm sendo anunciadas via imprensa”. Esta posição, de deixar os ataques correrem sem resistência foi a conduta adotada durante todo o processo do golpe institucional, em que a CUT e a CTB paralisaram não os principais setores da economia (enfrentando Temer e os ataques golpistas com os métodos da luta de classes), mas sim qualquer expressão política independente dos trabalhadores.
Não à toa houve poucas paralisações isoladas de algumas horas em algumas unidades na Petrobrás, que ficaram “para constar”, medidas burocraticamente controladas e designadas para ter pouca adesão para preparar uma política de retorno do PT pela via eleitoral ou por negociatas espúrias no Congresso.
O ato principal foi convocado para a Avenida Paulista, com a presença de Lula. A via foi totalmente interditada na altura do Museu de Arte de São Paulo (Masp), e os manifestantes se espalharam no sentido Consolação até a Alameda Ministro Rocha Azevedo.
Lula discursou no ato em São Paulo
Em seu discurso Lula afirmou que não poderia pedir "Fora, Temer" pois "não ficaria bem". Pediu a volta de Dilma, sob gritos do público de "Volta, querida", e criticou a divulgação de grampos de suas conversas com aliados. Tentou se apropriar da luta dos estudantes que ocuparam escolas em São Paulo, das marchas de mulheres "contra a cultura do estupro" e das ocupações de prédios feitas por artistas contra o fim do Ministério da Cultura.
Lula também fez críticas à política internacional do atual governo e falou sobre a possibilidade de se candidatar às eleições presidenciais em 2018. "Eles querem execrar minha imagem para eu não ser candidato a presidente. Quanto mais me provocarem, mais eu corro o risco de ser candidato a presidente", disse Lula.
Esta declaração vem depois de uma semana de crises importantes dentro do governo golpista, com o impasse institucional gerado pelo procurador Rodrigo Janot ao pedir a prisão de eminentes políticos da cúpula do PMDB (Renan, Jucá e Sarney) e que hoje enviou pedido ao STF para que as investigações de Lula voltem a Sérgio Moro, uma medida que busca disciplinar a campanha eleitoral do PT e Lula através da Lava Jato.
Diana Assunção, dirigente do MRT e diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP, comentou sobre a jornada de mobilização: “É muito progressista que os setores de jovens, mulheres e trabalhadores, que se indignam dia a dia com as contrarreformas reacionárias deste governo golpista de Temer, saiam às ruas para manifestar seu repúdio e a vontade de derrubar Temer. É por isso que se faz necessário ter um posicionamento político independente e combater para que a luta por derrubar o governo golpista não se converta em um apoio à estratégia eleitoralista e pacifista de Lula. As direções ex-governistas tentaram novamente transformar os atos num Volta Dilma ou em defesa de ‘Lula guerreiro’, buscando descaracterizar o sentimento legítimo de ódio de amplos setores da população contra os golpistas como se fosse um apoio à estratégia eleitoralista do PT.
É uma hipocrisia a referência que Lula faz às lutas dos trabalhadores, das mulheres e da juventude. A CUT, a CTB e a UNE mais uma vez não prepararam nada nas bases, negaram-se a convocar assembléias nos locais de trabalho e estudo para que os trabalhadores e jovens pudessem definir democraticamente um plano de luta que paralisasse os grandes centros da economia e buscasse dar uma resposta independente às grandes questões políticas no país. Estas centrais ‘prepararam’ esta jornada deixando à própria sorte todas as lutas contra os ajustes, sem mover um dedo em favor da greve dos professores do RJ, das estaduais paulistas contra o arrocho, nem falar dos estudantes secundaristas de vários estados. Não convocam nenhuma luta séria pela proibição das demissões, e tal como no fracassado 10M, organizam novo fiasco neste 10J, uma medida burocraticamente controlada para seguir a estratégia eleitoral enquanto bloqueia toda expressão de auto-organização independente dos trabalhadores”.
Concluiu dizendo “É impossível derrubar o golpista Temer com tamanha paralisia, fisiologismo e conciliação de classes como quer o PT. É preciso uma resposta contra a crise econômica a partir da luta de classes, que impeça as demissões e preserve os salários contra o arrocho, cercando de solidariedade os conflitos em curso e exigindo das centrais que rompam seu imobilismo criminoso e levantem um plano de luta contra os ataques golpistas junto à uma nova Constituinte imposta por essa luta, a maneira em que os trabalhadores poderão expressar-se politicamente como alternativa independente de questionamento a todo o regime. Só assim poderemos atrair o que de melhor surgiu neste período de lutas tanto no movimento dos trabalhadores, na juventude e no movimento de mulheres em todo o país”.