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Segunda, 13 Junho 2016 15:06 Última modificação em Quinta, 16 Junho 2016 22:15

A Wall Street por trás do golpe de Estado no Brasil

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País: Brasil / Direitos nacionais e imperialismo / Fonte: Resistir

Por Michel Chossudovsky

O controle sobre a política monetária e a reforma macroeconómica era o objectivo final do Golpe de Estado. As nomeações chave do ponto de vista da Wall Street são o Banco Central, o qual domina a política monetária bem como as transacções de divisas estrangeiras, o Ministério das Finanças e o Banco do Brasil. 

Por conta da Wall Street e do "Consenso de Washington", o "governo" interino pós-golpe de Michel Temer nomeou um antigo presidente-executivo da Wall Street (com cidadania estado-unidense) para a chefia do Ministério das Finanças. 

Henrique de Campos Meirelles, antigo presidente do Fleet Boston Financial's Global Banking (1999-2002) e antigo governador do Banco Central sob a presidência Lula foi nomeado ministro das Finanças em 12 de Maio. 

Antecedentes históricos 

A divisa do Brasil sob o Real está fortemente dolarizada. Operações de dívida interna são conducentes à ascensão da dívida externa. A intenção da Wall Street é manter o Brasil num colete de força monetário. 

Desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, a Wall Street tem exercido controle sobre nomeações económicas chave incluindo o Ministério das Finanças, o Banco do Brasil e o Banco Central. Sob os governo de Fernando Henrique Cardoso e Luís Ignácio da Silva (Lula), as nomeações do governador do Banco Central eram aprovadas pela Wall Street. 

Nomeações de Cardoso, Lula e Temer no interesse da Wall Street 

Arminio Fraga: Presidente do Banco Central (4/Março/1999 – 1/Janeiro/2003), 
administrador de hedge fund e associado de George Soros, Quantum Fund, Nova York, cidadania dual Brasil-EUA. 

Henrique de Campos Meirelles: Presidente do Banco Central (1/Janeiro/2003 – 1/Janeiro/2011). Cidadania dual Brasil-EUA. Presidente e Executivo-Chefe de Operações do Banco de Boston (1996-99) e presidente do FleetBoston Financial's Global Banking (1999-2004). Em 2004 o FleetBoston fundiu-se com o Bank of America. Antes da fusão com o Bank of America o FleetBoston era o sétimo maior banco dos EUA. O Bank of America é actualmente o segundo maior banco dos EUA. 

Depois de ter sido afastado por Dilma em 2010, Meirelles retornou. Ele foi nomeado ministro das Finanças pelo "presidente interino" Michel Temer. 

Ilan Goldfajn , economista chefe do Itaú, o maior banco privado brasileiro. Goldfajn [Goldfein] foi nomeado pelo "governo" interino de Michel Temer como governador do Banco Central (16/Maio/2016). Cidadania dual Israel-Brasil. 

Goldfajn trabalhara anteriormente no Banco Central sob Armínio Fraga bem como sob Henrique Meirelles. Ele tem laços pessoais estreitos com o Prof. Stanley Fischer, actualmente vice-governador do US Federal Reserve. Não é preciso dizer que a nomeação de Goldfajn foi aprovada pelo FMI, pelo Tesouro dos EUA, pela Wall Street e pela Reserva Federal dos EUA. 

Convém notar que Stanley Fischer teve anteriormente o posto de vice-administrador director do FMI e de governador do Banco Central de Israel. Tanto Fischer como Goldfajn são cidadãos israelenses, ligados ao lobby pró Israel. 

Nomeado de Dilma Rousseff para o Banco Central, não aprovado pela Wall Street 

Alexandre Antônio Tombini, governador do Banco Central (2011-2016). Carreira oficial no Ministério das Finanças. Cidadania: Brasil 

Antecedente histórico 

No princípio de 1999, no seguimento imediato do ataque especulativo contra a divisa nacional do Brasil (Real), o presidente do Banco Central, Professor Francisco Lopes (que fora nomeado na quarta-feira negra de 13/Janeiro/1999) foi demitido imediatamente após e substituído por Armínio Fraga, um cidadão estado-unidense e empregado de George Soros no Quantum Fund em Nova York. 

"A raposa foi nomeada como guarda do galinheiro". 

Mais concretamente, especuladores da Wall Street ficaram responsáveis pela política monetária do Brasil. 

Sob o governo Lula, Henrique Campos Meirelles foi nomeado presidente do Banco Central do Brasil. Ele actuara anteriormente como presidente e CEO numa maiores instituições financeiras da Wall Street. O FleeBoston era o segundo maior credor do Brasil, após o Citigroup. Para dizer o mínimo, ele tinha um conflito de interesses. Sua nomeação foi acordada antes do acesso de Lula à presidência. 

Henrique Meirelles foi um firme apoiante do controverso Plano Cavallo da Argentina na década de 1990: um "plano de estabilização" da Wall Street que infligiu destruição económica e social. A estrutura essencial do Plano Cavallo da Argentina foi replicada no Brasil sob o Plano Real, nomeadamente a imposição de uma divisa nacional dolarizada convertível (o Real). O que este esquema implica é que a dívida interna é transformada numa dívida externa denominada em dólar. 

Com o acesso de Dilma à presidência, em 2011, Meirelles não foi reconduzido à presidência do Banco Central. 

Soberania em política monetária 

O ministro das Finanças Meirelles, sob o "governo" interino, apoia a assim chamada "independência do Banco Central". A aplicação deste falso conceito implica que o governo não deveria intervir em decisões do Banco Central. Mas não há restrições quanto às "Raposas da Wall Street". 

A questão da soberania em política monetária é crucial. O objectivo do golpe de Estado foi negar a soberania do Brasil na formulação da política macroeconómica. 

Raposa da Wall Street 

Sob Dilma, a "tradição" de seleccionar uma "raposa da Wall Street" fora abandonada com a designação de Alexandre Antônio Tombini, um funcionário de carreira do governo, que encabeçou o Banco Central do Brasil de 2011 a Maio de 2016. 

Com o acesso de Michel Temer a "presidente interino", Henrique Campos Meirelles foi nomeado ministro das Finanças. Por sua vez, Meirelles nomeou seus próprios comparsas para chefiar o Banco Central e o Banco do Brasil. Meirelles foi descrito pelos media dos EUA como "amigo do mercado". 

Nomeações económicas de Michel Temer: 

Henrique de Campos Meirelles, ministro das Finanças, 
Ilan Golfajn, Presidente do Banco Centrl do Brasil, comparsa nomeado por Meirelles 
Paulo Caffarelli, Banco do Brasil, comparsa nomeado por Meirelles 

Notas conclusivas 

O que está em causa através de vários mecanismos – incluindo operações de inteligência, manipulação financeira, propaganda nos media – é a desestabilização absoluta da estrutura do estado brasileiro e da economia nacional, não mencionando o empobrecimento em massa do povo brasileiro. 

Os EUA não querem tratar ou negociar com um governo soberano reformista e nacionalista. O que querem é um submisso estado proxy dos EUA. 

Lula foi "aceitável" porque seguia as instruções da Wall Street e do FMI. 

Enquanto a agenda política prevaleceu sob Rousseff, uma agenda reformista-populista era também implementada a qual afastava-se dos fundamentos macroeconómicos patrocinados pela Wall Street durante a presidência Lula. Segundo o director administrador do FMI Heirich Koeller (2003) Lula era o "Nosso melhor presidente":

"Sou entusiasta [da administração Lula]; mas é melhor dizer que estou profundamente impressionado pelo Presidente Lula" ( IMF Press Conference , 2003).

Sob Lula, não havia necessidade de "mudança de regime". Luís Ignácio da Silva havia endossado o "Consenso de Washington". 

O afastamento temporário de Henrique Campos Meirelles a seguir à eleição de Dilma Rousseff foi crucial. A Wall Stree não aprovou nomeações de Dilma para o Banco Central e o Ministério das Finanças. 

Se Dilma houvesse optado por manter Henrique Meirelles, mais provavelmente o golpe de Estado não teria ocorrido. 

Convém notar que o antigo presidente Lula, o qual tem um relacionamento pessoal estreito com Meirelles, havia recomendado à presidente Dilma que nomeasse Meirelles para a posição de ministro das Finanças como um meio de evitar o seu impeachment. 

O regime proxy dos EUA em Brasília 

Um antigo presidente de uma das maiores instituições financeiras da América (e cidadão americano) controla as instituições financeiras chave do Brasil e estabelece a agenda macroeconómica e monetária para um país de mais de 200 milhões de habitações. 

Isto é chamado um Golpe de Estado... pela Wall Street. 

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