O que foi visto foi uma guerra civil no campo em que os números sobre ameaças de morte, assassinatos, reintegrações de posse e outros crimes cometidos pelo latifúndio vão ser os mais altos desde o fim da ditadura militar.
Isso pode ser visto nos massacres realizados durante o ano de 2017. Foram pelo menos dois massacres e uma tentativa, vitimando mais de vinte trabalhadores sem-terra, dezenas de feridos, pessoas desaparecidas e muitas sequelas resultantes de tamanha violência.
No dia 20 de abril no município de Colniza (MT), 10 trabalhadores sem-terra foram assassinados a sangue frio por pistoleiros encapuzados. A região de Colniza, Rondônia e sul do Amazonas é conhecida pela atuação de milícias privadas formadas por policiais que atuam em defesa dos latifundiários e todas as provas apontam para esses grupos.
No dia 24 de maio, 10 trabalhadores sem-terra foram brutalmente assassinados na fazenda Santa Lúcia, no município de Pau-d’Arco, sudeste do Pará. Os assassinos foram 24 policiais militares e policiais civis, que planejaram cuidadosamente a ação, inclusive inserindo provas na cena do massacre, como armas, para dar a entender que houve resistência dos sem-terra.
No dia 30 de abril pelo menos 13 indígenas foram feridos, dois tiveram as mãos decepadas e cinco foram baleados após uma ação de pistoleiros contra os indígenas da etnia Gamela no Maranhão. A ação ocorreu com o apoio da policia que dias antes foi até a aldeia e desarmaram totalmente os indígenas, inclusive facões e flechas, e no dia do atentado ficou observando a ação dos pistoleiros e nenhum pistoleiro foi preso.
No caso dos quilombolas, foram 10 assassinatos em diversas áreas de conflitos fundiários, um número 150% maior que no ano de 2016.
Realizando um breve levantamento de assassinatos de trabalhadores sem-terra pelo país, os números já passam de 60 e tende a ser muito maior devido a maioria dos casos não vir a público e nem sequer ser registrado como crime decorrente de conflitos por terra.
Toda essa violência tem uma motivação: o golpe de estado. Foi o golpe realizado em 2016 que permitiu essa ofensiva do latifúndio e a atuação conjunta e aberta do judiciário, latifundiários, policiais e governos para atacar duramente a luta pela terra.
A retirada de direitos, arbitrariedades do judiciário e atuação aberta da policia e dos latifundiários estão impondo uma verdadeira guerra civil contra os trabalhadores sem-terra e comunidades tradicionais.
Rascunho automático 67
Isso foi em pouco mais de um ano de golpe, que se não for derrotado tende a se agravar ainda mais. É preciso se unificar em torno da luta contra o golpe e derrotar os golpistas para reverter essa situação e avançar na reforma agrária.