Naquela época já ficava claro que era preciso enfrentar a direita, era preciso impedir que a direita tomasse as ruas que é tradicionalmente o lugar da esquerda e dos movimentos populares. Em alguma medida, quando a esquerda saiu às ruas contra o golpe, ainda que fosse insuficiente, serviu para frear o avanço da direita. Após o golpe, com a cada vez mais profunda desmoralização do regime golpista, a ofensiva passou a ser da esquerda, ao mesmo tempo em que a situação se polarizou ainda mais.
A polarização leva a que o polo direitista seja atraído cada vez mais para posições de extrema-direita, o mesmo acontece com a esquerda. É nesse ponto que se encontra a situação política brasileira. A direita, embora tenha se enfraquecido, não tenha nenhum apoio popular, começa a se agrupar em torno de elementos mais decididos, que rompem com a tradicional política burguesa parlamentar.
Em linhas gerais, é esse o processo pelo qual se desenvolve o fascismo. Por isso uma política parlamentar e eleitoral por parte da esquerda não só é ineficiente para combater o fascismo como permite que a extrema-direita se desenvolva. O fascismo se combate de maneira enérgica, organizando uma força capaz de reagir à altura aos ataques.
O fascismo precisa ser esmagado não com uma política eleitoral e parlamentar, ou seja, uma política democrática que se adapta ao regime político totalmente degenerado, mas com uma política que coloque em movimento, através das organizações populares, um amplo setor dos trabalhadores e das massas. Uma das tarefas é justamente organizar comitês de autodefesa que estejam prontos a reagir diante de qualquer ameaça fascista, que mostre o caminho para as amplas massas de como deve ser tratada a extrema-direita.