Mas as cenas de perseguição e agressões a famílias de refugiados ocorreram na fronteira entre a Venezuela e o Brasil ao norte de Roraima e alertam para o grau de intolerância, xenofobia e reação violenta em curso contra imigrantes e refugiados no Brasil e que poderão precipitar reações e discursos de ódio étnico e racial ainda mais agressivos contra seres humanos que buscam melhores condições de sobrevivência.
É importante destacar que muitos desses imigrantes e refugiados acabam sendo submetidos a situações de exploração extrema, como é o caso da comunidade boliviana nas confecções têxteis em São Paulo, ou de haitianos na construção civil em diversas cidades do Brasil. Nunca é demais lembrar que migrantes brasileiros também sofrem com atos discriminatórios na Europa e nos Estados Unidos.
A falta de uma política de Estado que possa dar condições dignas aos imigrantes e refugiados que buscam, no Brasil, refúgio e condições de sobrevivência, em especial no estado de Roraima, potencializa condições de agravamentos e conflitos que são estimulados pela imprensa sensacionalista, pelo discurso xenofóbico de grupos fascistas, além da manipulação ideológica que diversos políticos conservadores fazem contra o Governo da Venezuela.
Os imigrantes venezuelanos em destaque, em sua ampla maioria, são a expressão de um fenômeno mundial de migração de povos que buscam melhores condições de vida e não podem ser confundidos com a classificação de refugiados políticos. Esse fenômeno, que ocorre em maior ou menor intensidade em todas as partes do mundo, já trouxe ao Brasil, entre 2017 e 2018, cerca de 127 mil venezuelanos, dos quais mais de 69 mil já deixaram o país!
Esse surto de violência cometido na cidade de Pacaraima expressa por um lado uma combinação perigosa, que expõe a total falta de empenho do governo brasileiro em dar condições adequadas aos imigrantes e, por outro lado, precipita e alimenta, justamente num período eleitoral e num cenário de crise econômica e política profundas, discursos nacionalistas e xenofóbicos, que criam subterfúgios para que candidatos da direita mais reacionária sustentem acusações preconceituosas contra os imigrantes. O discurso ultraconservador apela para a segurança nacional, acusando o “roubo” de empregos promovido pelos “invasores” e induzem assim o senso comum a um programa que estimule medidas mais conservadoras e condizentes às classes dominantes, como forma de enfrentar os inevitáveis efeitos contraditórios que as crises produzem, penalizando sempre os setores populares.
O PCB manifesta sua total solidariedade aos imigrantes venezuelanos e denuncia a responsabilidade das elites locais e do Governo Temer em promover o agravamento dessa situação com objetivos políticos diversos, mas todos com a finalidade de alimentar a oposição ao Governo Venezuelano e propiciar junto à opinião pública possíveis ações políticas e militares contra a soberania venezuelana, aumentando ainda mais a incidência de propostas e ideologias reacionárias e restritivas em curso, em nome da ordem do Capital.
Em 19 de Agosto de 2018.
Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro.