Confesso que, apesar de ser uma das minhas disciplinas prediletas, eu não estava prestando muita atenção.
Mas o conteúdo devia ser alguma coisa relacionada à teologia, religião, talvez sobre Santo Agostinho, sei lá.
O que ocorreu foi que, de repente, uma colega que estava sentada nas primeiras fileiras começou a gritar um tanto eufórica com a professora.
Muitos alunos observávamos meio espantados, enquanto outros, mais próximos a essa colega, caíam na risada com suas piadinhas ultrajantes e gestos escandalosos.
A professora estava apavorada, estupefata, atônita com a performance inquisitorial da aluna.
Mas o que havia ocorrido? Por que tanta intolerância e perseguição? A professora apenas respondera a uma pergunta da aluna.
Ora, ao que parece não se pode mais responder às dúvidas dos alunos. E como a resposta da professora foi diferente daquilo que a aluna queria ouvir, esta simplesmente não aceitou e partiu para a ofensa.
Humilhada com tantos insultos, injúrias e difamações, a professora não aguentou e saiu da sala.
Poucos minutos depois, voltou acompanhada da inspetora para tentar acalmar os ânimos da agitada aluna.
Mas o estrago já estava feito. A dignidade da pobre professora não existia mais.
Sentindo-se derrotada, e impopular perante a classe, por sua relação tímida com os alunos, ela desistiu de dar aula para aquela turma e foi embora, quase chorando.
A aluna conseguiu calar uma voz diferente da sua.
Mas qual foi a pergunta que a aluna dirigira à professora? E qual a resposta?
A minha colega era evangélica, e perguntara à professora se esta acreditava em Deus. A reposta: não.
Sim, uma professora foi reprimida por responder a uma pergunta da aluna, porque sua crença religiosa era diferente do que os pais da aluna lhe ensinaram.
Há quem defenda a aluna por ter o direito de continuar ouvindo apenas o que ela sempre ouviu.
Há quem defenda a professora por ter o direito de expressar sua opinião, ainda mais se questionada pela aluna sobre isso.
A minha colega, coitada, talvez fosse alvo de uma baita de uma doutrinação. Mas não dentro da sala de aula...