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Diário Liberdade
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Sexta, 22 Julho 2016 23:36 Última modificação em Quarta, 27 Julho 2016 02:20

Essa tal doutrinação

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País: Brasil / Resenhas / Fonte: Diário Liberdade

Por Eduardo Vasco

A aula era de Filosofia, durante o Ensino Médio, em uma escola pública.

Confesso que, apesar de ser uma das minhas disciplinas prediletas, eu não estava prestando muita atenção.

Mas o conteúdo devia ser alguma coisa relacionada à teologia, religião, talvez sobre Santo Agostinho, sei lá.

O que ocorreu foi que, de repente, uma colega que estava sentada nas primeiras fileiras começou a gritar um tanto eufórica com a professora.

Muitos alunos observávamos meio espantados, enquanto outros, mais próximos a essa colega, caíam na risada com suas piadinhas ultrajantes e gestos escandalosos.

A professora estava apavorada, estupefata, atônita com a performance inquisitorial da aluna.

Mas o que havia ocorrido? Por que tanta intolerância e perseguição? A professora apenas respondera a uma pergunta da aluna.

Ora, ao que parece não se pode mais responder às dúvidas dos alunos. E como a resposta da professora foi diferente daquilo que a aluna queria ouvir, esta simplesmente não aceitou e partiu para a ofensa.

Humilhada com tantos insultos, injúrias e difamações, a professora não aguentou e saiu da sala.

Poucos minutos depois, voltou acompanhada da inspetora para tentar acalmar os ânimos da agitada aluna.

Mas o estrago já estava feito. A dignidade da pobre professora não existia mais.

Sentindo-se derrotada, e impopular perante a classe, por sua relação tímida com os alunos, ela desistiu de dar aula para aquela turma e foi embora, quase chorando.

A aluna conseguiu calar uma voz diferente da sua.

Mas qual foi a pergunta que a aluna dirigira à professora? E qual a resposta?

A minha colega era evangélica, e perguntara à professora se esta acreditava em Deus. A reposta: não.

Sim, uma professora foi reprimida por responder a uma pergunta da aluna, porque sua crença religiosa era diferente do que os pais da aluna lhe ensinaram.

Há quem defenda a aluna por ter o direito de continuar ouvindo apenas o que ela sempre ouviu.

Há quem defenda a professora por ter o direito de expressar sua opinião, ainda mais se questionada pela aluna sobre isso.

A minha colega, coitada, talvez fosse alvo de uma baita de uma doutrinação. Mas não dentro da sala de aula...

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