Uma inspeção do Ministério do Trabalho identificou 3,5 mil funcionários em situação irregular na Vila Olímpica, enfrentando jornadas sem controle de duração em bares e lanchonetes. Eles também não dispunham de alimentação adequada.
“Em algumas instalações, os trabalhadores atuavam sem assentos para descanso e em quiosques sem cobertura. Na hora do almoço, tinham que sentar no chão”, informou a assessoria de imprensa da pasta, nesta quarta-feira 10. A inspeção foi realizada em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT).
As empresas responsáveis foram convocadas para prestar esclarecimentos e assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), além de receber autos de infração. Os fiscais também encaminharam uma série recomendações ao Comitê Rio 2016, como a adoção de registro eletrônico de ponto, exigido pela legislação, e garantia de acesso aos trabalhadores a um refeitório.
Não é a primeira vez que os fiscais identificam violações trabalhistas nas instalações olímpicas. No fim de julho, o Ministério do Trabalho encontrou 630 trabalhadores sem registro em carteira em uma blitz no local. Eles trabalhavam em obras emergenciais de reparos, logo após a inauguração do condomínio que abriga os atletas.
Várias delegações estrangeiras encontraram problemas elétricos e hidráulicos nos dormitórios da Vila Olímpica. A delegação australiana chegou a abandonar as instalações e só retornou após o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), concluir obras de reparo.
O improviso saiu caro. Por conta dos operários flagrados sem carteira assinada e enfrentando jornadas exaustivas, de até 23 horas ininterruptas, o comitê organizador da Rio 2016 foi multado em 315 mil reais.
Sete equipes de auditores fiscais do Ministério do Trabalho monitoram as arenas esportivas e demais instalações olímpicas. Todos têm poder para fazer autuações, e novas inspeções estão planejadas para os próximos dias.