O repasse de ICMS feito pelo governo estadual já vem sofrendo uma queda de alguns anos, o que de fato restringe o orçamento da universidade. Contudo, a reitoria nem citou o pagamento de super-salários a alguns servidores e professores que ganham muito acima do teto de R$ 21.000 com alguns salários chegando a R$ 65.000 bruto, sem contar a dupla matrícula.
Tal corte significa uma redução, em todos os institutos, de bolsas de pesquisa, programas de intercâmbio, e auxílio permanência. Já há um contingenciamento de bolsas para os programas de pós-graduação, e soma-se a esse fato a recente aprovação na câmara de pós-graduação paga nas universidades públicas, revelando na verdade um plano privatizador do ensino junto com o novo marco legal da Ciência e Tecnologia, que sancionado por Dilma já permite espaços privados para pesquisa dentro do espaço público.
Menos professores, servidores, médicos e enfermeiros
Segundo outra medida da reitoria seria a não contratação de novos professores nas carreiras de magistério superior, docentes especiais e carreiras de pesquisador. No total são menos 108 vagas para professores e pesquisadores, sendo 88 de Magistério Superior (MS).
Segundo dados já houve uma diminuição total de 55 de funcionários MS, de um total de 231, por aposentadoria, morte e outros motivos. Ou seja, dos 231 existentes com os cortes prometidos pela reitoria, esse número cairia para apenas 88, devido ao congelamento de concursos.
Essa medida vem sendo acompanhada pelo congelamento de concursos para diversas áreas, como técnico-administrativa, e nas áreas da saúde. A estimativa é que para cada 2 médicos ou enfermeiros que se aposentem, apenas 1 seja reposto no lugar. Afetando também a comunidade que utiliza do Hospital Universitário.
Outra medida que afetará diretamente os estudantes é o contingenciamento do serviço de cópias e impressões, que pode sofrer cortes de até 40%. Pode ser conferido nesse link, página 36.
Em relação aos serviços de manutenção que incluem os funcionários da limpeza, a reitoria exige uma “redução de custos” no contrato de 5% a 8%, o que pode significar a demissão de vários trabalhadores.
O tempo de almoço dos funcionários da limpeza já foram reduzidos em uma hora, além de reclamações diárias das trabalhadoras em relação ao assédio moral e pressão no ambiente de trabalho.
O movimento estudantil conquistou café da manhã nesse ano, mas ao mesmo tempo a bandejão continua com trabalho terceirizado, e quando defendemos pautas estudantis precisamos ter em mente que muitas estão diretamente ligadas com a questão dos trabalhadores, tanto efetivos quanto terceirizados. Como estudantes, não podemos entender a luta dos trabalhadores e estudantes de forma separada, uma vez que isso toca na questão de que projeto de universidade que queremos. Nesse sentido, devemos buscar nos ligar à esses setores que estão se mobilizando também na universidade.
Estudantes precisam se mobilizar para barrar os ataques
Em um cenário nacional que a direita avança impondo seu golpe institucional e reacionário, não está desligado com as questões da universidade. A direita entrar no governo representa um aprofundamento dos ataques que já vinham sendo implementados pelo governo do PT.
Da mesma forma o governador do Estado de São Paulo, Alckmin, já vem atacando os estudantes secundaristas, com o corte de merendas e o plano de fechamento das escolas. E agora esses ataques afetam diretamente as ditas universidades de elite, como USP e Unicamp.
Há sim uma diminuição do repasse do ICMS, e para isso devemos exigir um maior orçamento para educação, questionando os bilhões que vão para os bolsos de banqueiros com o pagamento da dívida pública, enquanto cortam das áreas sociais através do mecanismo da dívida pública. Mas ao mesmo tempo, a reitoria da Unicamp aprofunda esses ataques, na medida que corta das áreas de pesquisa, saúde e dos trabalhadores, e não questiona o pagamento de supersalários, que geraria uma economia de mais de 5 milhões por mês.
É necessário se mobilizar para barrar esses ataques à educação, que vem representando na verdade um processo contínuo de sucateamento do ensino, abrindo espaço para a privatização como mostra a aprovação no congresso federal do pagamento de mensalidades nas pós-graduação, o mesmo congresso reacionário que mostrou suas caras na votação do impeachment.
Precisamos seguir o exemplo dos estudantes que paralisaram a Unicamp contra o golpe e os ataques à educação, seguir o exemplo do Instituto de Artes que votou greve nessa segunda-feira (02), precisamos continuar a luta contra o golpe, dessa vez mobilizando a universidade para lutar contra os cortes na educação, que vem sendo implementados tanto pelo governo federal, mas que serão aprofundados pela direita.