Não parou por aí. Membros das mídias ativistas independentes, Redes & Ruas, midiacoletiva.org, Mariachi, Coletivo Carranca e a Coletiva-MIC, também sofreram com o autoritarismo e burocracia: foram censurados e impedidos de cobrir o evento na parte interna da Concha Acústica, onde os participantes concederiam entrevistas. Nem mesmo membros da página Ocupa UERJ puderam cobrir o evento na parte interna. A
monopolização da cobertura ficou por conta da TV UERJ, uma mídia que não representa o movimento grevista dos estudantes. As mídias independentes tentando fazer seu trabalho tentaram subir no backstage. Um dos integrantes dessas mídias conseguiu entrevistar o Dado Vila Lobos, mas foi expulso por conta disso.
Confira trecho do relato de um colaborador das mídias independentes "Redes & Ruas, midiacoletiva.org, Mariachi, Coletivo Carranca e a Mídia Independente Coletiva-MIC": Aqui quem fala é um mídia independente, aluno da UERJ e paciente do Hospital Universitário Pedro Ernesto. O ápice do absurdo se constata ao percebermos que transformaram um festival com ideal de lutas em um mero espetáculo monopolizado midiaticamente, digo isso porque em nome de uma gravação exclusiva da própria produção do festival, ativistas foram excluídos e tiveram que se expor ao ridículo de ter que invadir os bastidores já que não tinham autorização para chegar perto de artistas que iriam se apresentar. É muito revoltante, pois saímos de nossas casas e largamos os nossos trabalhos com a ideia de entrevistar e fazer o link entre alunos dos colégios estatuais ocupados, artistas e membros da universidade, porem não foi assim que esse dia terminou. Foi lamentável e vergonhoso!
É importante expor que a Asduerj contratou uma produtora terceirizada, exclusivamente para o evento. Já realizamos no ano passado um Festival no qual não foi necessária nenhuma produtora para organizar e apresentar os artistas e que também foi um sucesso. É contraditório ainda por conta de um dos objetivos desse grande evento ter sido a arrecadação de alimentos para os trabalhadores terceirizados da Uerj, que estão sem receber seus salários há meses.
Esta produtora, fez com que o show da bateria "Demônios da UERJ" fosse cortado pela metade por conta do tempo e, quase impediram a incrível apresentação teatral dos alunos da Escola Estadual Martins Pena. Entretanto, contrapondo essa burocracia e quebrando as regras, a galera do "Passinho Brasil" convidou todos à subirem no palco e transformaram a Concha Acústica num imenso baile funk, um momento memorável que talvez tenha sido o ápice do festival.
Outro momento constrangedor, foi na apresentação da "El Efecto", onde a banda cedeu o microfone para um dos secundaristas da Escola Estadual Clovis Monteiro fazer fala. Porém, uma pessoa da produtora contratada pela Asduerj, apontou o dedo para esse aluno e arrancou o microfone de sua mão, impedindo a conclusão de sua fala.
Nesse contexto, ficam duas perguntas: para uma organização tão desastrosa, era mesmo necessário contratar uma produtora? Qual a lógica de fazer um evento de lutas que arrecada alimentos para os terceirizados da UERJ, mas que terceiriza a produção? Porque tratar estudantes que voluntariamente se dispuseram a construir isso junto de forma tão desrespeitosa? Porque não tratar a organização do evento de forma horizontal onde todos decidem e não só apenas os professores?
Portanto, o Esquerda Diário deixa seu " repúdio a todas essas lamentáveis situações ocorridas num momento tão importante para a comunidade acadêmica da Uerj. O festival do dia 3 de maio de 2016, assim como o que os alunos organizaram em dezembro de 2015, mostrou que existe uma linha imaginária na mente de certos professores, na qual os alunos são meios utilitários de suas "lutas", mas que são ignorados e tratados numa escala hierarquizada quando querem mostrar sua voz. Não queremos ser mão de obra, somos sujeitos desta luta e é assim que devemos ser tratados".