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Sexta, 13 Mai 2016 13:37 Última modificação em Sexta, 13 Mai 2016 16:09

Como enfrentar a crise?

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País: Brasil / Batalha de ideias / Fonte: Diário Liberdade

[Alejandro Acosta] Para compreender a atual situação política do Brasil no que diz respeito ao golpismo, à crise política e econômica, primeiramente, é preciso entender o que está acontecendo no mundo. Na América Latina, e especificamente no Brasil, quem domina é o imperialismo, fundamentalmente o imperialismo norte-americano. Desconhecer a situação internacional ou análises erradas, somente pode levar a conclusões erradas.

Nos Estados Unidos, está em andamento o processo das eleições presidenciais que acontecerão neste ano. Nas primárias do Partido Republicano, Donald Trump, que é um elemento de extrema direita, ficou como o candidato único e, inevitavelmente será referendado como candidato oficial na Convenção Nacional do partido, em julho. Trump não se encontra no controle dos aparatos do Partido Republicano, o que implica na existência de uma crise monumental. Nas primárias do Partido Democrata, Hilary Clinton deverá vencer o Bernie Sanders, o candidato “esquerdista” que cumpre o papel de coadjuvante. Clinton está ligada ao complexo industrial militar norte-americano e é um elemento provado nos dois governos do marido, Bill Clinton que foi uma continuação dos governos de direita de George Bush pai. Ela mesma como secretaria do Departamento de Estado, da Administração Obama, esteve vinculada aos chamados neoconservadores, que ficam gravitando em volta do aparato do estado, provando, por meio de uma série de ações militaristas, que ela se encontra a serviço do chamado complexo industrial militar.

A DIREITA TRADICIONAL SE AGRUPA POR TRÁS DE CLINTON

A família Bush (republicanos) se pronunciou por não apoiar Donald Trump e sim a candidata do Partido Democrata, Hilary Clinton. Uma situação similar tinha acontecido nas eleições passadas, quando Obama enfrentou o candidato republicano Mitt Romney. Rommey era um pouco menos direitista que Trump, inclusive porque ele estava agrupado no Tea Party (grupo de extrema direita dentro do Partido Republicano), mas levantava propostas ultra truculentas. Para “resolver” a crise no Oriente Médio era preciso conter o Irã por meio da guerra nuclear. Ele propunha a mesma política para resolver as contradições com a China e a Rússia, ambas potências regionais e, ao mesmo tempo, potências nucleares. Essa política, de ser aplicada, abria o risco de levar a crise a grandes proporções na política internacional, com consequência imprevisíveis. A burguesia monopolista não “comprou” o risco, mas se valeu de Romney para direitizar o governo Obama. Esse é exatamente o papel que Trump cumpre neste momento: direitizar o futuro governo de Hillary Clinton que já representa um governo mais direitista que o governo de Obama.

A ADMINISTRAÇÃO OBAMA E O “MACRISMO”

A Administração Obama, que, neste momento, domina a política do imperialismo norte-americano, está composta por uma série de elementos que vão desde de a extrema direita até elementos como Bernie Sanders (liberal burguês).

A Administração Obama colocou como política a ser seguida na América Latina o modelo de governo Mauricio Macri. Macri começou, no início deste ano, governando a Argentina por meio de decretos, durante o primeiro mês, com o objetivo de criar uma maioria parlamentar. Da frente única estruturada para impor o ajuste, maiores ataques, contra os trabalhadores, participa o próprio kirchnerismo, por meio da FPV (Frente Pela Vitória), vários governadores kirchneristas e peronistas, a ala peronista de Sergio Massa, que foi o candidato presidencial do peronismo derrotado, e até um setor da burocracia sindical, a CGT do Hugo Moyano. O modelo que está colocado para a América Latina representa uma “nova onda de neoliberalismo” com coalizões que somam desde a direita até a esquerda com o objetivo de ampliar os ataques contra os trabalhadores. Não está colocado neste momento um governo de força, de cunho militar. O próprio Obama reforçou essa política, de uma maneira extremamente clara, quando esteve na Argentina nos dias 23 a 25 de março.

Conforme a politica do imperialismo norte-americano para a América Latina mudar, haverão mudanças, mas não está colocado neste momento um golpe de estado militar. Um governo abertamente de força na América Latina, no contexto da situação de grande crise, implicará no aumento das dificuldades para conter a crise política e ainda abre o risco do golpe ser derrotado. O imperialismo enfrenta muitas dificuldades para colocar em pé esses novos governos neoliberais conforme vemos no Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia e em outros países.

Na Venezuela, setores importantes da ala direita do chavismo buscam uma aliança com a direita, agrupada na MUD (Mesa de Unidade Democrática). Essa direita, que é ultra truculenta, se encontra relativamente parada se comparada ao que fez em outros momentos.

O APROFUNDAMENTO DA CRISE CAPITALISTA NO BRASIL

Na América Latina, a crise capitalista se aprofunda. Os monopólios buscam salvar os lucros sugando tudo o que podem dos trabalhadores.

Na China, a crise avança rapidamente. Hoje, há uma bolha no setor de matérias primas minerais, principalmente o de minério de ferro, o que esta dando uma certa folga para o Brasil, neste momento. Em contrapartida, trata-se de uma bolha que pode explodir a qualquer momento. Isso acarretará varias complicações para a China e para os países que dependem da exportação de matérias primas, como o Brasil.

No Brasil, o que temos, neste momento, é uma gigantesca divida pública que passou de 57 % do PIB para 73% (estatísticas oficiais) em apenas nos últimos dois anos. O governo do PT, ao invés de cobrir o orçamento público com os métodos que o imperialismo impõe, supriu a diferença mediante a emissão de títulos públicos. O imperialismo ficou com medo, pois se o Brasil continuar aplicando essa política, num curto período, não conseguirá mais pagar os serviços da dívida púbica. A consequência, em primeiro lugar, seria, inevitavelmente, a hiper inflação. Segundo disse Vladimir I. Lenin, o dirigente da Revolução Russa, "não existe nada mais revolucionário que a inflação".

O superávit primário, uma política imposta pelo imperialismo a partir da Lei da Responsabilidade Fiscal, está muito longe do que o imperialismo impõe. O superávit primário representa os recursos que deveriam ser cortados do orçamento publico para pagar os juros da dívida pública, que consome, aproximadamente, 45% do que o governo federal gasta. No ano de 2014, o governo do PT deveria ter separado R$ 168 bilhões com cortes de orçamento público, e deveriam ter sido cortados na saúde, na educação, com demissões no setor público etc. O governo fechou o orçamento público com apenas R$ 10 bilhões de superávit primário naquele ano. O governo do PT fechou o déficit com emissões de títulos do Tesouro Nacional, aumentando a dívida pública para desespero do imperialismo.

O déficit nas contas correntes (a diferença de tudo que entra e sai do pais), no ano passado, chegou a quase US$ 100 bilhões, o que revela o enorme contágio da crise capitalista mundial sobre o Brasil.

As previsões para este ano apontam para uma contração da economia brasileira de - 4%. O aperto da espoliação imperialista está colaborando com isso. As agências qualificadoras de riscos colocaram a dívida pública brasileira abaixo do “grau soberano” o que implica em que o Brasil enfrentará muito maiores dificuldades para obter empréstimos e atrair capitais especulativos, dos quais depende para fechar as contas públicas.

A economia brasileira está em recessão. A inflação está em torno dos 10% anuais. Quando, no ano passado, o governo eliminou os subsídios da energia, a inflação disparou.

A taxa oficial de desemprego passou dos 5% para 8%. Isso já seria algo grave, mas na realidade a taxa real está em aproximadamente a 30% no Brasil, baseado em cálculos e estudos que estaremos publicando em breve no jornal Gazeta Operária.

A crise no Brasil avança a passos largos e isso que vemos hoje representa apenas a ponta do iceberg . No próximo período, deverá acontecer um colapso capitalista de enormes proporções nos países centrais, tais como Estados Unidos, na Europa, no Japão e na China. O Brasil, que hoje se encontra na linha de frente da crise, deverá ser atingido em cheio. A crise que vemos hoje aparecerá como apenas o aperitivo do prato forte que virá.

COMO OS REVOLUCIONÁRIOS ENFRENTAM A CRISE?

A única saída para a crise no Brasil passa pelo rompimento dos acordos com o imperialismo, a realização da reforma agrária, contra o latifúndio e os monopólios, a estatização do sistema financeiro, o comercio exterior e as grandes empresas. Mas não é uma tarefa para ser levada a cabo pelo governo do PT ou pela esquerda pequeno burguesa. É preciso de uma ampla mobilização dos trabalhadores, principalmente dos setores de ponta.

Com o aprofundamento da crise do capitalismo e seu desenvolvimento, inevitavelmente os trabalhadores deverão entrar em movimento.

Os revolucionários devem organizar um trabalho político nas fábricas e demais locais de trabalho, mobilizando-os a partir das necessidades mais sentidas, contra os planos de “ajustes fiscais”, em defesa dos empregos, dos salários e das condições de vida. Para isso, é preciso uma medição mais precisa do estado de ânimo das massas com objetivo de traçar uma política de agitação com palavras de ordem que elevem a consciência e a organização dos trabalhadores perante a situação política.

A tarefa colocada para o momento passa por estruturar um órgão de imprensa que seja um sólido aglutinador de revolucionários para atuar como um grupo de agitação e propaganda dentro do movimento operário, conforme Lênin orientou no livro “Que Fazer?”. Esse grupo de agitadores e propagandistas deverá impulsionar a organização do movimento de massas contra o capital e contra o imperialismo.

Fora o imperialismo do Brasil e da América Latina!

Abaixo os golpistas e seus agentes!

Abaixo a política de preservar a “governabilidade”!

Não ao acordão do PT com a direita!

Fora os ministros golpistas do Governo!

Não ao Ajuste, pelos Direitos dos Trabalhadores!

Que a crise seja paga pelos capitalistas!

https://alejandroacosta.net

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