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Quinta, 17 Novembro 2016 10:15 Última modificação em Segunda, 21 Novembro 2016 18:45

O fascismo na iniciativa: o golpe dentro do golpe

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País: Brasil / Antifascismo e anti-racismo / Fonte: Diário Liberdade

[Leandro Monerato] O imperialismo, os tucanos, os liberais, os coxinhas, conservadores, olavetes querem mais. Querem sangue. Querem fogueira pública. Querem a humilhação da esquerda. Querem a tortura.

Um grupo de fascistas invadiu o Congresso Nacional para em rede nacional fazer propaganda pela volta dos militares.

Toda pessoa minimamente crítica se perguntou: como um grupo de 50 almofadinhas invadiu e tomou conta do microfone do principal palanque político do país? Quem abriu a porta?

Foi um verdadeiro espetáculo fabricado pelo Departamento de Inteligência norte-americano que organizou o golpe de estado e agora esta iniciando outro golpe; está recolocando em andamento todas as mesmas engrenagens antes usadas para destituir Dilma.

Vejamos:

Como se sabe há na Câmara inúmeros pedidos de impeachment de Temer perpetrados pelo PSDB. No TSE há julgamento de irregularidades. A Lava-Jato está atacando diretamente os caciques do PMDB, prendendo líderes e ameaçando outros.

No Congresso se discute destituição de Temer e eleições indiretas que recolocaria o príncipe das privatizações, o venal e entreguista FHC. O presidente mais impopular da história brasileira voltaria ao poder sem eleições...

No Roda Viva dessa semana Cantanhêde mostrou um tom distante dos demais papagaios da burguesia. Buscou coloca-lo contra a parede a todo momento. Mostrando que o PSDB não está contente com a lentidão com que Temer destrói o país.

(PSDB, como todos sabem mas é bom lembrar, é o legítimo partido do imperialismo no Brasil.)

Por baixo, o MBL organiza milícias fascistas para atacar os movimentos estudantis.

E ontem, um grupo de manifestantes da direita começaram uma campanha contra Temer, contra todo o regime político, contra o congresso, e defenderam as baionetas e botas que gostam de lamber.

Todos esses ingredientes foram sincronizados para derrotar Dilma e agora estão sendo recolocados para derrubar Temer.

O golpe contra o PT não é uma mera alteração de governo. Representa um ponto de virada de uma transformação muito profunda do regime político brasileiro, que se desenvolve surdamente há anos. E está se intensificando cada vez mais.

O imperialismo norte-americano necessita retirar do Brasil somas nunca antes vistas de recursos e dinheiro devido ao colapso interno da sua economia. A eleição de Trump dá o grau do problema interno dos EUA.

Para garantir a operação de saque necessita implementar um regime policial, precisa que o Estado brasileiro aplique uma política de guerra contra a população, retirando-lhe todos os direitos políticos para que não resista contra a retirada de direitos econômicos e sociais.

O plano é liquidar completamente todas organizações populares, sindicais e políticas da esquerda. TODAS!

O fascismo sempre ataca a ala mais moderada da esquerda para preparar as condições subjetivas para destruir todos. O ataque contra o PT é o começo. Até porque se derrotado um gigante, os pequenos...

O fascismo está sendo preparado, organizado e financiado pelos bancos mundiais desde 2008 em todo o mundo. No Brasil ele foi colocado em marcha de modo consciente em larga escala pela primeira vez em junho de 2013. Devido à falência dos métodos normais de repressão foi necessário atacar a esquerda por dentro, usando uma massa de pitbulls e coxinhas histéricos.

Em 2015, dada a derrota eleitoral, o movimento fascista foi a principal base de sustentação e alavancagem para o golpe por cima. Quando o impeachment iniciou seus procedimentos o movimento saiu de cena e assistiu de casa (pela TV) o resultado.

O governo golpista de Michel Temer avança rapidamente contra nossos interesses. Mas do ponto de vista da burguesia internacional e dos seus capachos locais (tucanos) não é assim.

O imperialismo, os tucanos, os liberais, os coxinhas, conservadores, olavetes querem mais. Querem sangue. Querem fogueira pública. Querem a humilhação da esquerda. Querem a tortura.

O golpe de estado, nesse momento, está prenhe de contradições graves. De um lado, uma parte da burguesia nacional e de outro o imperialismo. A burguesia nacional resistiu por algum tempo a ideia de golpe, mas como sempre de modo covarde. A força do império se impôs e a burguesia nacional apoiou o golpe buscando manter certos acordos para si. Mas o imperialismo deu o golpe no PT justamente para atacar não só a classe operária, mas também a burguesia nacional. E não investiu tanto recurso num golpe de estado para fazer concessões a caciques regionais do PMDB. O imperialismo irá atropelar todos que se colocarem no caminho.

O golpe contra o Temer está tomando corpo de forma rápida. Agora colocaram em cena novamente os fascistas para pressionar a centro-direita a ir mais para a direita para não deixar a extrema-direita tomar conta. E assim o fascismo vai sendo implementado no Brasil de forma orquestrada pela Casa Branca.

Por baixo, a invasão do congresso pelos fascistas tem o objetivo de, através de uma demonstração pública de iniciativa, audácia, energia e força, arrastar as massas que ainda de forma passiva rejeitam completamente o atual regime político.

Ou melhor, a extrema-direita está procurando dar uma resposta para a crise do regime político brasileiro e assim conquistar as massas.

Como uma fratura tal qual o regime político brasileiro expõe apenas pode ser resolvida por métodos revolucionários, a extrema-direita está procurando se antecipar. E de certa maneira está conseguindo.

Pois, a esquerda mantém-se resignada diante do golpe, evita tocar nos problemas centrais e faz muito barulho para no fim cair numa institucionalidade demagógica.

Enquanto a esquerda pressiona um congresso venal e corrupto controlado pelos golpistas para não votar uma lei. O fascismo está dizendo: é preciso acabar com tudo isso e refazer.

Nesse sentido, a ação da direita fascista 'dialoga' mais, nesse momento, com a psicologia da massa brasileira que quer destruir o regime político, mas não para aprofundar a destruição da país, para aprofundar as privatizações. A massa brasileira quer aprofundar o Minha Casa, Minha Vida, quer aumento salarial e redução da jornada, quer mais e cada vez mais. A massa quer a revolução, mas como a esquerda insiste em não apresentar uma saída revolucionária, a contra-revolução que utiliza métodos revolucionários vai galgando espaço.

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