No Brasil, as organizações que se identificam com os ideais da Revolução Cubana e de seu principal líder expressaram condolências pela partida física de Fidel e também o homenagearam em manifestações de rua.
Em São Paulo, no domingo (27), bandeiras e cartazes com a imagem de Fidel estavam nas mãos de alguns dos manifestantes que compareceram ao ato que reuniu 40 mil pessoas contra o presidente Michel Temer, a PEC 55 e a anistia ao caixa 2.
Um ato político e cultural também foi realizado no Rio de Janeiro, especialmente em memória do líder latino-americano.
Em nota, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) lamentou profundamente a morte de uma das principais referências da luta da classe trabalhadora em toda a história. “Fidel foi uma das mais inspiradoras figuras para todos os que lutam por um mundo justo, igualitário e fraterno, um mundo sem exploração do homem pelo homem, sem opressões e sem classes, um mundo comunista.”
O partido lembrou das conquistas da Revolução Cubana, reconhecidas até mesmo pela Organização das Nações Unidas (ONU): melhor sistema educacional e melhor expectativa de vida (79 anos) da América Latina, segundo melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e segundo país menos violento da região, alfabetização de 99,9% da população, modelo em sistema de saúde, mortalidade infantil quase zero, assim como a falta de crianças passando fome em Cuba.
“O PCB sempre buscará honrar esse legado prestando sua solidariedade militante à Revolução Cubana, ao Partido Comunista Cubano e ao governo liderado hoje por Raúl Castro. Em memória de Fidel e de todos os revolucionários cubanos, reverenciamos suas vidas como exemplos a serem seguidos por todos aqueles que lutam pela superação do capitalismo e pela construção do Poder Popular, no rumo da sociedade socialista e do comunismo”, completou a nota.
Editoral no seu veículo de comunicação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o Portal Vermelho, afirma que o sentimento provocado “pelo fim de uma vida longa dedicada à construção de um mundo novo, de justiça, liberdade e igualdade” é o de “tristeza e consternação” e que Fidel “permanece em seu exemplo e suas ideias, que vencerão!”.
A presidenta nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos, expressou em sua página no Facebook a tristeza mas também a inspiração no pensamento e legado do ex-presidente cubano “para transformar a lágrima em prática revolucionária, para transformar o luto em luta”.
Fidel “foi o grande mentor dos combatentes por um mundo melhor, de justiça e fraternidade”, escreveu em nota o secretário de Relações Internacional do PCdoB, José Reinaldo Carvalho. “Foi a personalidade mais lúcida de nossa época, a voz mais enérgica na denúncia dos crimes do imperialismo”, acrescentou.
Também em nota, o Partido Comunista Marxista-Leninista (PCML) afirmou que “Fidel vive em cada lutador e lutadora no mundo que se levanta contra a opressão e em defesa dos oprimidos”.
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) divulgou nota de pesar pelo falecimento do líder comunista. “Sua memória e exemplo seguirão inspirando gerações de lutadores em todo o mundo”, lê-se. “Fidel segue vivo no sonho de justiça e liberdade de cada latino-americano”, completa o texto.
Por outro lado, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), apenas traduziu uma nota da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI), organização trotskista da qual faz parte. O texto destaca as conquistas da Revolução em Cuba, mas critica que, em sua visão, foi uma retomada do capitalismo na década de 1990.
A organização reivindica “o Fidel que derrotou o imperialismo, que, junto com os trabalhadores cubanos, expropriou a propriedade privada e os meios de produção, que deu origem ao primeiro Estado operário da América Latina” mas não o Fidel que impediu o avanço da revolução na América Central, nem o Fidel “do regime burocrático e totalitário imposto em Cuba, nem o Fidel que, junto com seu irmão Raúl e a burocracia cubana, restaurou o capitalismo e abriu as portas para as multinacionais”.
“Muitos podem apontar os erros, principalmente de orientação política desses revolucionários [Fidel, Raúl Castro, Che Guevara e os combatentes de 1959]” apontou o Partido da Causa Operária (PCO), “mas sem dúvida, sua contribuição para a luta prática pela revolução é muito maior do que esses erros”. Fidel Castro “foi o maior revolucionário da segunda metade do século XX”, completou o artigo no site do partido, que ainda prestou um minuto de silêncio e uma salva de palmas a Fidel.
O Partido dos Trabalhadores afirmou que “Fidel foi um dos grandes personagens políticos da América Latina e do mundo do nosso tempo”.
“Fidel foi um dos mais importantes políticos contemporâneos e um visionário que acreditou na construção de uma sociedade fraterna e justa, sem fome nem exploração, numa América Latina unida e forte”, escreveu em nota a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), vítima de recente golpe de Estado no Brasil. “Um homem que soube unir ação e pensamento, mobilizando forças populares contra a exploração de seu povo. Foi também um ícone para milhões de jovens em todo o mundo”, completou.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou que morreu “o maior de todos os latino-americanos”, “uma voz de luta e esperança” para os povos do continente e dos países pobres, especialmente para sua geração.
“Seu espírito combativo e solidário animou sonhos de liberdade, soberania e igualdade. Nos piores momentos, quando ditaduras dominavam as principais nações de nossa região, a bravura de Fidel Castro e o exemplo da revolução cubana inspiravam os que resistiam à tirania.”
Lula acrescentou em sua nota que “será eterno seu legado de dignidade e compromisso por um mundo mais justo”.
Entidades sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), e movimentos sociais, como o Movimento dos Sem Terra (MST), o Movimento dos Sem Teto (MTST) e a União Nacional dos Estudantes (UNE), também expressaram seus sentimentos em relação a Fidel. O MTST batizou sua mais recente ocupação popular, realizada em Uberlândia (MG) poucas horas após o anúncio da morte do líder cubano, de Ocupação Fidel Castro.