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Concentrando-se até às 16 horas ao lado da Biblioteca de Brasília, o ato partiu, com uma estimativa de 15000 à 20000 pessoas. Destaca-se um grupo a parte, compostos de black-blocks, anarquistas, maoístas e independentes que percorreram toda esplanada de ministério ao lado do ato que seguia na rua com trio elétrico. Ao alcançar os acessos do Congresso (que a essa hora já estava mais que carregado de polícia), muitos correram para tentar ocupar o prédio, o que não foi possível pela presença do contingente inicial. Resumiram-se em ocupar a parte do reservatório de água à frente do Congresso. De outro lado, povos indígenas, black blocks, anarquistas e maoístas tentavam a entrada pela via direita do Congresso, que logo foi ocupado pelo choque. Momentos de tensões estavam por vir. A polícia, como de lei, aplicou gás de pimenta para dispersar o fronte, que não se intimidou e continuou protegendo-se com escudos de papelão. Ao mesmo tempo, um carro de mídia grande foi usado como barricada para separar o protesto, da polícia. As tensões continuavam até que a polícia começou a revidar com gás lacrimogênio.
Alguns ainda resistiam sobre os efeitos do ataque, enquanto outros clamavam para que as pessoas que estavam longe (praticamente todo o ato que vinha atrás do trio) para agregarem e fortalecerem a resistência. Não adiantou. Com um contingente reduzido, a resistência persistia, mas pouco a pouco ia recuando. Isso foi como um sinal para uma sequência de ataques que apenas o mais miserável cego ou privilegiado desse sistema, ousaria chamar de combate. As cenas mostravam um verdadeiro massacre. Em três frentes (duas com choque e uma com cavalaria), bombas tiros de borracha se sucediam. A essa hora, o ato com maioria das centrais sindicais estava longe do grupo que ainda se mantinha na trincheira. Palavras como "o ato é pacífico" "venham para trás do trio" "a polícia militar não pode fazer isso" dentre variantes, eram bradadas em vão, pois a ofensiva permanecia riste.
A resistência continuava, sob os escudos e fazendo barricadas, mas a realidade de aparato é muito dispare. Mesmo assim o grupo não arregava. A passos lentos, recuava e tentava chamar as pessoas para reagrupamento. A essa hora o sumo do ato já estava de volta ao local de onde saíra. As horas passaram entre mais as chuvas de ataques, com a polícia aumentando seu perímetro e a resistência "resistindo" como podia. Várias pessoas passavam sendo carregadas ou auxiliadas; muita fumaça das bombas cobria o ar (até o vento estava contra). Do trio, o aviso do serviço de ambulância estava a postos para atender quem passasse mal. Mais aviso pedindo para que a polícia parasse. Mais ignorância. O modus operandi da polícia estava sendo aplicado com maestria. Mas as barricadas ainda se erguiam, com tudo o que pudesse ser utilizado: placas, lixo, banheiros químicos. (Aqui também se separam as pessoas que irão se preocupar com os materiais utilizados na defesa, ao invés das pessoas que se machucaram gravemente no combate). A dispersão acabou ocorrendo, mas o ataque ainda continuava. A rodoviária do plano estava tomada de policiais, assim como as entradas do metrô na estação central.
O ato em si reuniu muitas pessoas que tinham como objetivo brecar, suspender, fazer de alguma forma sustar a votação da PEC 55. Depois de muito gás inalado e tensão a todo instante, nós da Vírus e qualquer uma ou um que lá estavam pode concluir: falhou-se no método. Embora houvesse o aparato policial, o contingente do ato era bem maior. Ou como pensavam que iriam ocupar o congresso? Pedindo licença? O Estado mostra mais uma vez o que pensa sobre diálogos com movimentos sociais. Cabe a nós, afinarmos esse diálogo para o mesmo tom, para o mesmo idioma. Tentamos fazer um texto jornalístico. Mas o relato é a pedida desse tempo insano.