[Juliette Robichez*] O Brasil pode se orgulhar de ser um novo polo atrativo para os migrantes do mundo inteiro. Com efeito, por se tornar, em tempo recorde - de 1988, data de adoção da Constituição Federal cidadã, até 2015, fim dos governos liderados pelo Partido dos Trabalhadores que metamorfosearam o país -, uma jovem democracia admirada no mundo inteiro, que conheceu uma estabilidade política excepcional, e por ter sido hasteada como uma das maiores economias do mundo neste mesmo período (passou da 13° posição em 2002 à 7° em 2013 no PIB Ranking Global segundo o Banco Mundial e a UN Global Data Bank), o país conheceu esse fenômeno novo na sua história contemporânea. Atraiu ondas de migrantes europeus fugindo a Espanha ou o Portugal enfrentando as dificuldades econômicas provocadas pela crise norte-americana do sub-prime de 2008, de deslocados forçados em razão de catástrofes naturais como o terremoto de 2010 que afligiu duramente o Haiti, ou da guerra que assola a Síria desde 2011 e, finalmente, de refugiados oriundos da Venezuela, país vizinho que sofre atualmente de uma hiperinflação e do crescimento da violência. A entrada inesperada dessas pessoas no território, leva legitimamente à tona a questão dos impactos da migração na economia do país.
Em 3 de março, o Diário Liberdade publicou uma matéria em que afirmava que a Venezuela recebeu mais migrantes brasileiros do que o Brasil havia recebido venezuelanos no ano de 2017. Entretanto, como alguns leitores observaram, houve uma confusão nos dados.
Com uma magnificação sobre a migração de venezuelanos, além de uma campanha de xenofobia, presidentes de direita da região e porta-vozes da oposição venezuelana aumentaram seus ataques contra a Venezuela e o governo bolivariano que lidera o chefe de Estado, Nicolás Maduro.
O sul de Chicago é a decadência, é uma grande cidade que desmorona, ruas deterioradas, edifícios prestes a colapsar nas cabeças dos inquilinos que, na sua maioria, são afrodescendentes e latino-americanos indocumentados: mexicanos e centro-americanos. Mal pagos, explorados em seus empregos, estigmatizados e constantemente assediados pela polícia.
Por si só o pesadelo de imigrar é terrível a ponto de encaixar o indivíduo vítima de tráfico para exploração sexual, laboral e tráfico de órgãos; de homens, mulheres e crianças, sendo as mulheres e as crianças os mais vulneráveis. Sem deixar de mencionar a comunidade LGBTI que, além de ser discriminada, sofre um abuso maior devido à homofobia e patriarcado.
Por Ilka Oliva Corado
Tradução de Raphael Sanz
Muitos do grupo vomitaram o pouco de soro que haviam bebido quando viram os restos em estado de decomposição. Outros rezavam e para eles o homem da bíblia lia salmos. Havíamos caminhado o dobro de quilômetros desde que chegamos na linha divisória. Três do grupo desmaiaram por insolação, o que nos obrigou a descansar mais tempo até que se recuperassem. Alguns queriam ficar ali mesmo porque já se consideravam mortos e como acontece sempre e em todos os tempos havidos e por haver somos as mulheres as encarregadas de subir o moral dos homens entregues que a adversidade quebra o espírito; nós que de sexo frágil não temos nada, nem a sombra.
Por Ilka Oliva Corado
Tradução de Raphael Sanz
Conseguimos subir o barranco e nos afastamos do lugar. Pensamos que o tormento das emboscadas havia ficado para trás. A fronteira não é como contam por aí e por isso perdem-se tantas vidas em tentativas vãs de atravessá-la aos Estados Unidos. Não se ouvem historias de policiais que atiram em indocumentados quando na verdade essa é uma realidade diária. Mas quem os acusaria? Pior ainda, quem acreditaria na palavra de um indocumentado? Ninguém. Nós não valemos como seres humanos dentro desta nação. Com sorte, seremos mão-de-obra barata com a qual os anglo-saxões se beneficiam e nada mais.
Por Ilka Oliva Corado
Tradução de Raphael Sanz
A luz do dia nos deixava descobertos e não podíamos seguir no caminho limpo, sem espinheiros, e assim tivemos que avançar entre cactos e galhos que nos cravaram na pele suas agulhas. Eu usava o gorro e as luvas de montanhista e isso ajudou a diminuir a quantidade de espinhos que entravam na minha pele porque a maioria parava nesses itens. Aos demais, começava a escorrer lentamente o sangue das feridas causadas pelos espetos e grandes espinhos dos cactos adultos.
Por Ilka Oliva Corado
Tradução de Raphael Sanz
Junto das luzes e motores acesos das motocicletas e caminhões da Patrulha Fronteiriça escutamos uma chuva de impropérios nessa mescla chamada spanglish. Era de notar que nos esperavam com ânsias para caçar-nos como a animais. Certamente houve mudança de guarda na linha fronteiriça mas mais adiante e com a experiência de sagazes caçadores, outro nutrido grupo de policiais esperava suas presas.
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