Em resposta ao novo atentado machista, coletivos feministas convocárom concentraçons de denúncia para hoje, 20 de dezembro, todas elas às 20 horas. Serám nas seguintes localizaçons: Vigo (Marco), Corunha (Obelisco), Compostela (Praça 8 de Março), Ferrol (Cámara Municipal), Lugo (CÁmara Municipal), Ourense (Castaleira), Ponte Vedra (Audiência Provincial), Vila Garcia (Praça da Galiza), Bertamiráns (Praça da Amaia) e Riba d'Ávia (Cámara Municipal).
Reproduzimos a seguir o texto da convocatória, difundido pola Plataforma Feminista Galega:
Hoje estamos de volta aqui para denunciarmos as violências na Galiza, mas também para lembrar que no que vai de ano foram assassinadas 102 mulheres no estado. Na Galiza foram 6 as mulheres assassinadas, mulheres que hoje estariam em suas casas, em seus trabalhos, com as suas famílias e amizades. E não estão porque foram aniquiladas pelos criminosos machistas.
Ana Enjamio e Elena Mihaela Marcus foram assassinadas pelas suas ex-parelhas. Foram assassinadas só por serem mulheres e tropeçarem com um homem machista na sua vida e a sociedade não pode nem deve consentir mais maus-tratos, mais assassinatos machistas. Porque a humilhação, os insultos, o controle e a manipulação de um maltratador não devem ser toleradas.
A violência machista é uma violação dos direitos humanos das mulheres e a passividade das instituições e da sociedade ante as mulheres assassinadas desesperam-nos... Onde está a indignação social, política e mediática?!
Por acaso estamos demasiado acostumados e acostumadas a que um ex-namorado, ex-marido, namorado, marido ou conhecido mate uma mulher? Será que se normalizou o feminicídio? Como pode uma sociedade que se diz «avançada» pensar que é natural que os homens andem a assassinar às mulheres?
Desde o movimento feminista denunciamos:
- que estes assassinatos têm um nome: feminicídio e que se produzem no marco desta sociedade machista e patriarcal na que as mulheres somos agredidas pelo fato de o sermos.
- que a violência contra nós vê-se intensificada pelas medidas de cortes em políticas de igualdade do governo misógino do Partido Popular. Não queremos minutos de silêncio, queremos recursos e medidas concretas para rematar com os assassinatos machistas!!
- denunciamos os modelos de masculinidade e feminidade hegemónicos e tradicionais que são parte da estrutura que produz a violência machista. A educação patriarcal que adoutrina as crianças mediante pautas que preparam às mulheres para sermos submissas enquanto eles são educados em valores de força e domínio sob tudo o que lhes rodeia.
Continua a se por o foco nas vítimas e não nos culpados, segue-se-nos a obrigar a nós a ter cuidado com o que fazemos e não se lhes ensina a eles a não violar. Duvida-se da nossa palavra ainda quando vão 102 assassinadas no que vai de ano e as mulheres violadas e maltratadas crescem a cada dia ante o olhar impune do governo e da sociedade.
- denunciamos o papel dos midia que contribuem à normalização do feminicidio. As informações sobre os assassinatos machistas abordam-se coma se forem um acidente ou um fato casual e a situação é tão surrealista que segundo a maioria dos midias as mulheres aparecemos mortas. Não, senhores e senhoras da imprensa, não aparecemos mortas como se duma epidemia de gripe se tratar, somos assassinadas: a-ssa-ssi-na-das! Cumpram de uma vez com os protocolos que têm assinado sobre o tratamento da violência machista.
O movimento feminista galego sai hoje mais uma vez à rua para berrar que estamos desesperadas, cansas, indignadas, fartas... de sermos agredidas, violadas, assassinadas e um dia destes a nossa raiva será incontrolável!!
Porque as mulheres não somos cidadãs de segunda. É tempo de organizarmosmos a resistência feminista, tomemos as ruas e paremos o terrorismo machista. Avante a luita feminista!! Se tocam a umha, respostamos todas!